A Libélula no Âmbar - Diana Gabaldon, por Vivi Lima

Claire Randall guardou um segredo por vinte anos. Ao voltar para as majestosas Terras Altas da Escócia, envoltas em brumas e mistério, está disposta a revelar à sua filha Brianna a surpreendente história do seu nascimento. É chegada a hora de contar a verdade sobre um antigo círculo de pedras, sobre um amor que transcende as fronteiras do tempo... E sobre o guerreiro escocês que a levou da segurança do século XX para os perigos do século XVIII.

O legado de sangue e desejo que envolve Brianna finalmente vem à tona quando Claire relembra a sua jornada em uma corte parisiense cheia de intrigas e conflitos, correndo contra o tempo para evitar o destino trágico da revolta dos escoceses. Com tudo o que conhece sobre o futuro, será que ela conseguirá salvar a vida de James Fraser e da criança que carrega no ventre?

Para quem terminou a leitura do livro I (A viajante do tempo), a aventura só está começando. Há muitas venturas e desventuras em série para acontecer. Muita água para  rolar debaixo da ponte. Em meio a tudo isso, uma certeza: se no primeiro livro, o amor entre Jamie e Claire se constrói a base de provas mútuas de apreço, o segundo livro apresenta o amor estabelecido, em estado bruto. Diana Gabaldon nos presenteia com a vida de casados de Jamie e Claire. A julgar pelas turbulências dos eventos históricos que os rodeiam, o casamento é uma união sem garantias no tempo. E a fenda do tempo entre as pedras da colina Craigh na Dun, como sempre, faz uma eloquente presença. Se no primeiro livro, o casal vencia o obstáculo do tempo em nome da união inseparável e eterna de suas almas, no segundo livro, há o acerto de contas com a história. E tudo fica traduzido no dilema "É possível alterar o curso da história? Se sim, quais as consequências? Qual o preço a pagar?"

A história transcorre em dois tempos distintos. Por intermédio de um salto no tempo, vamos parar logo de início em 1968. É quando a narrativa nos apresenta uma Claire mais velha e, sua filha, Brianna, já adulta. E o coração do leitor dispara diante do enorme ponto de interrogação que tudo isso parece ser. Como assim? Deixei o primeiro livro com um cenário tão promissor de esperança e vidas refeitas, como pode a Claire estar a duzentos anos do que vivera de forma tão real com Jamie? É duro, é doloroso, caro leitor, mas essa é a âncora que o manterá preso às turbulentas águas dessa história cheia de reviravoltas. E Claire, Brianna e Roger, perseguindo pistas, logo lhe darão todas as respostas possíveis.

É... a história da Escócia é forjada em rastro de traição e muito sangue.

A maior parte da trama, porém, acontece duzentos anos antes de 1968. É quando Jamie e Claire partem para a corte francesa na tentativa de impedir que o príncipe Charles Edward Stuart, (Bonnie Prince Charlie) retome a dinastia dos Stuart. É uma aposta arriscada em que, a depender do sucesso da empreitada, poderá valer a preservação e o bem-estar dos clãs escoceses, dentre eles o clã Fraser. O insucesso é o corredor da morte. O fim, sem contemplação ou salvação. Em se sabendo de antemão o desastre que foi a batalha de Culloden em 1746, a leitura se leva com o coração na mão. Mesmo assim, Jamie e Claire vão até o fim em sua missão como agentes duplos.

Apesar do drama, quem conhece o estilo Gabaldon sabe que o humor refinadamente irônico é um prazer a mais. E claro, o relacionamento de Claire e Jamie continua disputando lugar com circunstâncias as mais extremas e variadas. Tudo com anabolizantes. O final reserva surpresas chocantes, dolorosas e passagens memoráveis de tão lindas.

Um ótimo elenco de novos personagens nos é apresentado: Mestre Raymond, Madre Hildegarde, Lord Lovat, Brianna Randall, Roger Wakefield,  Jovem Simon, Mary Hawkins, Alex Randall, John Grey e Claude, rebatizado como Fergus... (Gente, muito personagem bom!)

E os demônios continuam a assombrar: Black Jack Randall, o retorno. Além das suas já conhecidas vilanias, ele tem uma história do tipo "gente como a gente".

E Claire e Jamie. Jamie e Claire. Carambolas! Como eles não são fáceis. Cometem coisas terríveis, passam por altos bocados, pagam o preço pelas escolhas certas e erradas, mas evoluem. Assim como acontece na vida real.

Acompanhar essa história tem se traduzido na superação de todas as minhas expectativas. Diana Gabaldon, apesar da trama longa, não se perde. Ao contrário, mostra que não tem preguiça de criar uma história que, longe de abusar de fórmulas fáceis, nos surpreende pela originalidade. É preciso haver muita pesquisa e muito tutano para criar um romanção como esse. Não posso deixar de mencionar o cuidado que a autora tem para com os novos leitores. Ela sabe inteirá-los dos eventos passados e dos personagens antigos com muita competência, evitando tornar a narrativa maçante para quem já conhece a história. Sempre termino de ler um Gabaldon pensando: "Caramba! Quanta coisa aconteceu!" É como se a narrativa se passasse no tempo real, em conformidade com a contagem ordinária dos anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos. Isso tudo dá robustez, profundidade e coerência ao romance. Diana Gabaldon prova que é possível escrever livros longos, sem que tenham que ser necessariamente monótonos.

E vambora pra frente! Pois a série continua...

7 comentários

  1. Estou terminando A Viajante do Tempo e não foi uma leitura fácil. Comecei em setembro com todo gás porém chegando no final comecei a deixar de lado por achar que algumas coisas eram enrolação de mais. Agora já estou quase no finalzinho e deu até uma melhorada.
    Foi uma surpresa para mim essa informação de que o livro começa em 1968, pois já dei uma escapulida para as ultimas páginas e também por ter acabado de me deixar bem confusa com o spoilers que fui procurar. kkkkk Quero continua essa série longaaaaa e já tô de coração partido com esse livro e muito curiosa para saber por que a Claire voltou no tempo.

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  2. Eu queria muito ter gostado desse livro :( , mas pra mim foi uma chatice sem fim. :( A autora enrola demais. E em coisas sem importância.E assuntos relevantes passam batidos. Apenas o final me deixou curiosa e talvez eu continue a série. Honestamente, não sei. Pra mim, essa autora precisa urgentemente de um editor.

    bjs

    Thaís;)

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  3. Oinnn, eu adoro todo tipo de trama que envolva viagem no tempo, ainda mais sendo romance e repleto de fatos históricos. Não li nem este e nem o primeiro livro da série, mas acompanhei a primeira temporada e adorei!!! Estou doida para inciar a leitura agora.

    Beijão, Vanessa Meiser
    http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

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  4. Sweet-Lemon, eu discordo gentilmente. rsrs Acho perfeitos os livros da DG. Ela criou um universo maravilhoso onde nada é escrito ao acaso e todos os detalhes acabam por ter uma função na história. Não é encher linguiça, por mais que algumas pessoas possam pensar que sim. É preciso ler os livros com mente aberta e lê-los todos para ir juntando as peças. Cada livro não encerra em si mesmo. E, claro, é necessário gostar de História e de enredos complexos, não dos fast food que já trazem tudo mastigado.

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  5. Amei a resenha e refletiu muito de tudo que eu achei do livro!!!!
    Amo essa série, e em hipótese alguma acho que contar história, na mais pura tradução da palavra história, seja encher linguiça.
    Assim como na leitura do primeiro livro da série - A Viajante do Tempo - eu fiquei impressionada com A Libélula no Âmbar, cada página virada eu me surpreendia com um fato novo, e com a capacidade de criação de Diana Gabaldon.
    Essa série é um fenômeno e não vejo a hora de o 3º livro ser lançado pela Editora Arqueiro.

    Parabéns!!!
    Beijos

    http://ilusoesnoturnas.blogspot.com.br/2015/01/resenha-outlander-libelula-no-ambar.html

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  6. Concordo contigo em relaçao ao casal, eles não são perfeitos, pelo contrário, e talvez por isso, sejam tão bons e agradem tanto. Acho algumas partes cansativas, mas nem isso é o suficiente para me desanimar em seguir a série.
    Bjs, Rose.

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  7. Vivi!
    Não li ainda o primeiro livro e claro que o segundo também não, porém, acho o enredo dessa série fantástico. O mote da viagem no tempo muito me fascina.
    Poder ver as diferenças e saber como acontece a passagem é bem interessante, além de ser um romance, né?
    Adoro!
    Domingo com muito descanso e amor no coração.
    Cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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