A filha do rei do pântano – Karen Dionne


Intenso e permeado por uma atmosfera constante de tensão, A filha do rei do pântano tem uma abordagem diferente do que estamos acostumados a ver sobre histórias de sequestro: esta é contada por Helena, uma mulher que é “consequência” de um estupro – seu pai sequestrou sua mãe e, dos abusos constantes no cárcere, Helena nasceu.

Nunca dança pelo tempo, a autora conduz o leitor numa brincadeira narrativa que vai e volta o tempo inteiro, por vezes demarcada pelos capítulos, por vezes confundindo propositalmente pelas memórias da protagonista. Para mim foi o ponto mais alto da leitura.

Ao longo das mais de 250 páginas somos confrontados por emoções adversas. Como a história é contada pela própria Helena, que nasceu e cresceu em uma pequena cabana no meio de um pântano e nunca teve contato com as pessoas até por volta dos seus doze anos, salvo pequenas situações à distância, tudo parece “errado”. Explico.

Em determinados momentos – principalmente quando a narrativa regride para a infância – é difícil compreender a visão que a voz narrativa impregna. Você se pergunta o tempo todo: mas qual o motivo dessa voz estar enxergando esse sequestrador assim? Ele é um monstro certo? (até sermos novamente lembrados quem é essa voz narrativa: uma garotinha que, muitas vezes, tinha a cabeça confundida pelo pai, pelo tipo de amor, afeto e relação que se estabelecia naquela dinâmica). Enfim, é um recurso incrível e muito bem utilizado pela autora.

O foco principal do livro parece ser esse, e até certo ponto é. Mas boa parte da história se passa no presente e é esse presente o responsável pela tensão: agora, casada e com uma família constituída, Helena precisa lidar com todos os traumas e com uma caçada implacável depois do seu pai – sequestrador e abusador da sua mãe! – fugiu da cadeia. E, pelos pântanos, ela parece ser a única capaz de captura-lo antes que ele volte para atormentar seu lar.

Uma boa história de drama e suspense, que são dosados na medida certa para prender, emocionar e revoltar o leitor. Com pouquíssimos diálogos, soa cansativo em algumas passagens e também tem um desfecho muito apressado – sinto que a autora perdeu um pouco a mão quando a narrativa foi se encaminhando para o final. Mas vale a leitura, apesar desses deslizes.
Boa leitura!

Helena tem um segredo: ela é o fruto de um sequestro. Sua mãe foi raptada quando ainda era adolescente e mantida em uma casa escondida no pântano de Michigan. Nascida dois anos depois do sequestro, Helena aprendeu a amar sua infância fora do comum - e aprendeu, até mesmo, a amar seu pai, um homem selvagem e brutal. Quando ele escapa da prisão, ela precisa encarar o passado que ocultou tão habilmente do marido e das filhas. Em uma caçada de tirar o fôlego, ela faz de tudo para encontrar seu pai enquanto reexamina os episódios da infância que moldaram seu futuro.


4 comentários

  1. É um livro que admito sempre tive vontade ler,mas sempre fiquei apreensiva. Na época que foi lançado, as resenhas não foram tão positivas e isso da narrativa mais lenta, me assustou um pouco.
    Mas eu ainda sim, quero ler só para tirar minhas próprias conclusões!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Ronaldo!
    Gosto dos thrillers do gênero, porque mostram o quanto o emocional e o psicológico das pessoas envolvidas, podem ser abalados e moldados.
    Deve ser um livro com carga emocional forte e fiquei bem curiosa para ver como é o final...
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Olá! Eita que essa é mais uma leitura para lá de intensa, com um tema forte de uma perspectiva diferente e claro que bate aquela vontade (e curiosidade) em saber mais sobre a história, mas confesso que algumas ressalvas acabaram me desanimando um pouquinho.

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  4. Oi, Ronaldo
    Esse livro parece ser muito intrigante.
    Desde seu lançamento estou na dúvida se lerei.
    Não é meu tipo de leitura e ainda em se tratando de um sequestro, acredito que tenha que ter estômago.
    Mas pela visão da Helena, deve ser curioso e angustiante de acompanhar, pois ele vê o vilão como pai, com inocência.
    Vou pensar se leio ou não.
    Bjs

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