Revisitando Nárnia: a magia profunda do grande leão


A terra de Nárnia, para mim, sempre remeteu a um lugar de extremo pertencimento infantil. Quando menino, ainda sem conhecer a obra de Lewis, tive contato com a adaptação cinematográfica produzida pela Disney e me parecia que a magia dos bosques e florestas e o poder de Aslam faziam parte de mim como um órgão.

Desde que me tornei um leitor assíduo, tenho um ritual – que também fui perdendo ao longo do tempo – de reler ao menos uma das crônicas todo ano (para nunca deixar de sentir e estar neste lugar tão fantástico, habitado por seres dos mais magníficos). Este ano, resolvi entrar em uma leitura coletiva que propunha ler as seis primeiras histórias nos seis primeiros meses do ano.

E voltei à Nárnia! Abri meu guarda-roupa e, ao lado de Pedro, Lúcia, Susana e Edmundo, encontrei um eu menino, cheio de sonhos e com olhos encantados. Que toma chá (e odeio chás nesse mundo tão real) com o Sr. Tumnus, que dança com dríades, festeja com faunos, recebe o papai Noel ao amanhecer, que ri de piadas de castores.

A obra de Lewis é poderosa exatamente por isso: conhecer acessar nossa inocência, resgatar uma parte de nós que costuma estar perdida nesse caótico cotidiano adulto. É um sopro de vida sentir a brisa das palavras do autor, em parágrafos inteiros de incontidas descrições que podem ser entendidas por qualquer idade – porque é universal e atemporal.

Para além da simbologia bíblica e cristã, As crônicas de Nárnia nos ensinam muito sobre o amor, perdão, fraternidade, união, sobre enxergar a vida do outro como sendo inteiramente ligada à nossa. Através de metáforas e da forma tomada pelo soberano Aslam – que se humaniza/animaliza para estar conosco – Lewis nos toma pela mão e nos percorre. E brincamos e brincamos!

Lendo agora o famoso O leão, a feiticeira e o guarda-roupa me percebo como o leitor de dez, quinze anos atrás, e me percebo também como a criança aventureira que fui, que acredita em tocas de coelhos que resguardam mundos, em guarda-roupa com portais segredos, em fadas que fazem casa nas árvores do quintal.

E há como mais íntima e poderosa do que alguém que consegue esse feito. Isso é mais sobre agradecer a Lewis (seja lá onde ele estiver) por ter deixado para nós esse legado. Que possamos fazer jus.

Boa leitura!



3 comentários

  1. Ronaldo, não vou chamar de resenha, mas sim de viagem!E que viagem a um pequeno momento de Nárnia!
    Também me vi dentro dentro desse universo há muito tempo e preciso tomar uma dose de vergonha e comprar os livros.
    Vira e mexe, principalmente quando as crises de depressão aparecem fortes, eu me forço a entrar no guarda roupa e esquecer da vida aqui fora!
    Obrigada por me permitir sorrir com seu post!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Ronaldo!
    Final do ano passado comprei a coleção das Crônicas de Nárnia e comecei a releitura. Lendo um livro a cada mês.
    Esse mês li "O cavalo e seu menino" e entendo perfeitamente todas as sensações declamadas através de sua admiração pelo autor. Nos transportamos à infância e acreditamos em 'coisas' que muitos adultos já não acreditam mais...uma pena!
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Olá! Ai ai no meu caso vai ser visitando mesmo, eita que comprei esse livro numa baita promoção há muito tempo e até agora não criei coragem para finalmente me jogar nessa aventura e não é por falta de vontade não viu, pois sou completamente apaixonada pela história (assisti ao filme) e sei que ao ler essa admiração vai crescer ainda mais, todavia o tempo por aqui anda meio escasso (risos), mas sigo na certeza de que um dia eu ei de conseguir.

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