Quinze Dias – Vitor Martins

Quinze Dias é a mistura de tudo que há de mais “gostosinho” na literatura jovem: é engraçado sem exageros, é doce sem apelos sentimentais e é livre, divertido, tem uma cadência peculiar, uma voz autoral única que te faz querer que a história nunca termine.

Basicamente, seu enredo é dos mais simples, girando em torno de dois adolescentes fadados ao clichê do um é apaixonado pelo outro secretamente, ninguém pode saber. A história, contada sob o ponto de vista de Felipe, é sobre um sentimento, um melhor amigo de infância que mora no mesmo prédio e muitas situações de é melhor que você faça uma piada disso antes que alguém faça.

As adversidades da vida fizeram com que os dois garotos interrompessem a amizade em algum ponto crucial e determinante que não se cria na memória de nenhum deles, mas fato é que Felipe nunca deixou de gostar do garoto e as coisas irão mudar em breve porque (a) um sentimento é um sentimento, afinal e (b) como eles poderiam ter alguma chance com todas as inseguranças do Felipe? e (c) Caio está indo passar quinze dias de suas férias na casa dele.

Pronto, o drama está formado, a tempestade está armada e parece que esse tempo será mais do que suficiente para que os momentos mais constrangedores e inesquecíveis da vida de ambos aconteçam: situações de silêncios desconfortáveis, leituras de senhor dos anéis, piscinas e aprendizagens sobre os rumos que tudo ponto tomar por causa de uma coisa pequeninha.

O livro, para além de ter uma trama muito boa, tem muitas singularidades que o tornam um marco potente dentro da literatura nacional: personagens extremamente fortes e desenvolvidos com cuidado dentro do enredo; ocorridos que te levam do riso mais rasgado ao choro mais contido; e diálogos bons, naturais, verossímeis.

Acho que talvez o ponto mais alto de tudo seja a personalidade de Felipe. Ele é um garoto que aprendeu a lidar com as coisas de um jeito que te faça querer abraçá-lo, ser melhor amigo dele, conversar, tomar um sorvete. Ele é um personagem real, espirituoso e forte, que faz análise, tem um poço de inseguranças revirando a boca do estômago e... tem tiradas simplesmente ótimas – e acompanhar a história sob seu ponto de vista é ter acesso aos seus personagens, como se o leitor fosse ele mesmo.

O Caio a gente não fala sem ficar apaixonadinho, falando tudo no diminutivo. Ele é fofo, um pouco tímido e vem no pacote “tenho uma melhor amiga incrível, você precisa conhecer”. 

A mãe do Felipe vocês precisam conhecer pessoalmente – então vão ler o livro. Porque. Ela. É. Simplesmente. Uma. Figura. Incrível. E. Maravilhosa.

Vitor Martins escreveu um livro desses que vai ficar conosco muito tempo depois de fechado, muito tempo depois de ser novamente colocado na estante entre tantos outros, muito tempo depois de termos lido uma infinidade de histórias que nos façam acreditar um bocadinho mais na existência de pessoas incrivelmente fortes que têm muito para nos ensinar.

A única parte ruim do livro é que, como todos os outros, ele acaba em algum momento. A parte boa é que ele existe no mundo e você ir correndo ler a agradecer ao Vitor por ter nos dado a chance de conhecer personagens tão bons que ficarão conosco por muito mais que Quinze Dias.

Boa leitura!

Felipe está esperando por esse momento desde que as aulas começaram: o início das férias de julho. Finalmente ele vai poder passar alguns dias longe da escola e dos colegas que o maltratam. Os planos envolvem se afundar nos episódios atrasados de suas séries favoritas, colocar a leitura em dia e aprender com tutoriais no YouTube coisas novas que ele nunca vai colocar em prática.
Mas as coisas fogem um pouco do controle quando a mãe de Felipe informa que concordou em hospedar Caio, o vizinho do 57, por longos quinze dias, enquanto os pais dele estão viajando. Felipe entra em desespero porque a) Caio foi sua primeira paixãozinha na infância (e existe uma grande possibilidade dessa paixão não ter passado até hoje) e b) Felipe coleciona uma lista infinita de inseguranças e não tem a menor ideia de como interagir com o vizinho.
Os dias que prometiam paz, tranquilidade e maratonas épicas de Netflix acabam trazendo um turbilhão de sentimentos, que obrigarão Felipe a mergulhar em todas as questões mal resolvidas que ele tem consigo mesmo.

3 comentários

  1. Ahhhh!!!Literatura nacional de primeira qualidade!
    Primeira resenha que leio deste livro e já fiquei emocionada e muito curiosa para saber o destino dos dois amigos.
    De todos os sentimentos que ambos descobrem juntos e confesso que já quero muito conhecer a mãe do Felipe.rs(tipo de mãe que é o sonho de todos nós, eu imagino)
    Com certeza, vai para a lista de desejados.
    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Oi Ronaldo!
    Eu quero muito ler esse livro, qdo li a sinopse já fiquei interessada, pelas resenhas que acompanhei vale a pena dar uma chance...
    Já está nos desejados.
    Bjs!

    ResponderExcluir
  3. Ronaldo!
    Deve mesmo ser um livro fofo de ser lido, embora traga assuntos bem pesados, porque não é brinquedo não falar sobre bullyng, sexualidade ou homossexualidade e gordofobia... Sei bem o que é isso, porque sempre fui gorda e sofria muito, agora estou no peso 'normal', mas ainda sinto os resquícios da discriminação...
    Desejo um mês abençoado e uma semaninha de luz e paz!
    “Sede felizes; os amigos desaparecem quando somos infelizes.” (Eurípedes)
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir

Seu comentário é sempre bem-vindo e lembre-se, todos serão respondidos.
Portanto volte ao post para conferir ou clique na opção "Notifique-me" e receba por email.
Obrigada!