Os meninos que enganavam Nazistas - Joseph Joffo

Paris, 1941. O país é ocupado pelo exército nazista e o medo invade as casas e as ruas francesas. O poder de Hitler se mostra absoluto e brutal na França… É durante um dos períodos mais turbulentos da História que a emocionante narrativa de Joseph e Maurice se desenrola. Irmãos judeus de 10 e 12 anos de idade, eles perambulam sozinhos pelas estradas, vivendo experiências surpreendentes, tentando escapar da morte e em busca da zona livre para ganhar a liberdade.
Essa é uma história real, autobiográfica, cuja espontaneidade, ternura e humor comprovam o triunfo da humanidade e da empatia nos momentos mais sombrios, quando o perigo está sempre à espreita… Os meninos que enganavam nazistas conta a fantástica e emocionante epopeia de duas crianças judias durante a ocupação, narrada por Joseph, o mais jovem.

Quem é assíduo aqui no blog sabe da minha paixão por dramas, romances de época e às vezes pode até estranhar minha paixão por livros datados da segunda guerra mundial, pois é, fico condoída com livros que abordam esse tema porque sempre nos trazem uma lição primorosa, um alivio talvez, por vivermos numa época onde atrocidades como as que aconteceram não se repetem mais, e uma vontade enorme por conhecimento, até para que fatos iguais jamais voltem a se repetir.

Temos aqui a autobiografia de Joseph Joffo, escrita de uma maneira leve como se fosse uma aventura de crianças com um fundo dramático. Com apenas 10 anos, ao lado de seu irmão Maurice, de 12 anos, Joseph vê sua vida mudar completamente quando seus pais arrumam suas mochilas e os impulsionam a partir sem destino certo, apenas com o objetivo de fugir da perseguição dos nazistas. Já imaginou ser lançado ao mundo com um vilão traiçoeiro em seu encalço, com apenas 10 anos? Ter que fugir passando pelas piores privações e medos, tentar escapar de qualquer um que seja suspeito em busca de liberdade? Acredito que sendo o destino fugir ou morrer, fugir sempre é a unica saída. E assim começa a aventura pela vida de Joseph e Maurice, e também de toda a família Joffo.  

Temos então um relato dos fatos que aconteceram entre 1941 e 1944 na fuga desses dois judeus franceses na tentativa de escapar das garras dos nazistas. Diga-se de passagem, um relato comovente que me deixou em certos momentos com o coração na mão, um suspiro contido e uma vontade enorme de ter ali, naquela história, um final feliz. Mas, como almejar um final feliz numa época onde apenas “ser” já era quesito para a morte?! Com certeza uma história inspiradora e que vai deixar boas e intensas lembranças no leitor.

Escrito originalmente em 1973, Os Meninos que enganavam Nazistas até hoje deixa quem o lê emocionado, e já virou até filme. Uma narrativa simples e de fácil absorção que transporta o leitor para além de suas páginas, nos leva a vivenciar e visualizar tudo que nossos pequenos “heróis” passaram e a devastidão que viram e nos mostram por seus olhos.

Devo confessar que um detalhe, uma coisa me incomodou de certa maneira, e que para alguns talvez nem faça diferença, que é o título do livro. Os meninos que enganavam Nazistas é como um spoiler no título, apesar de termos muito mais conteúdo que se desenrola na trama, acredito que esse título nos tira um pouco do suspense da narrativa. Mas como eu disse, apenas um detalhe!

Uma leitura carregada de emoção, que nos deixam com questões que talvez jamais sejam respondidas: como o homem pôde ser tão cruel com seu próximo, como foi capaz de tantas atrocidades e ainda pagar de líder? Aí eu chego onde eu queria.  Ao final do livro temos o posfácio onde Joseph Joffo nos responde várias questões de sua história, um momento entre o autor e o leitor que deveria ser feito em outros livros. Joseph acrescenta ainda mais à sua história e tenta nos fazer compreender o motivo de algumas atitudes que tomou enquanto fugia. Com certeza esse momento onde revela e nos responde, como um adulto, foi o ápice da leitura. 

Não tem como não se deixar envolver com a narrativa dessa grande “aventura” contada pelos olhos de uma criança que cresceu com marcas de um aprendizado feito à duras penas, e que vem nos contar sua história com o intuito de ensinar e de certa maneira também aprender.
Agradeço à Editora Vestígio pela nova edição do livro, e por através dela, me fazer conhecer uma história de amor, esperança e fé na humanidade.
Recomendo a leitura. 

7 comentários

  1. Leninha!
    Gosto muito também dos livros ambientados durante o período das guerras, são dolorosos, porém necessários para tomarmos conhecimento dos fatos que não acompanhamos.
    Não sabia que era uma autobiografia, o que torna o livro melhor e mais crível, ainda mais, escrito pela visão infantil do autor.
    Deve ser excepcional!
    “É melhor saber coisas inúteis do que não saber nada.” (Sêneca)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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    1. Certeza que você iria amar esse livro, Rudy. Não perca a chance, compre seu exemplar e leia. Bjs

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  2. Adorei o post Leninha.. eu amo um drama, e apesar de não ter lido esse livro, vi o filme e me apaixonei perdidamente por essa linda historia

    Bjs
    Ana Paula
    Paixão por Leituras

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    1. Nossa, você viu o filme?! O autor cita no posfácio do livro algumas diferenças que o roteirista fez no filme e que ele não aprovou, fiquei curiosa em assistir para ver esses detalhes. Você também, se lesse o livro, sentiria a diferença. Leia!
      Bjs

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  3. Tudo desse período é muito triste e principalmente revoltante, como permitir que coisas terríveis fossem feitas, e o pior, parece que o ser humano insiste em não aprender com nenhum acontecimento. Imagino que deve ser uma leitura muito difícil, porque nenhum dos garotos precisava ter passado por nada disso mas claro, muito enriquecedora.

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  4. Já me emocionei só com o seu comentário sobre esta linda e emocionante história. Por isso vou atrás do livro. Também gosto muito das histórias na maioria das vezes Histórias reais sobre pessoas que mesmo com toda dor e talvez vivendo novamente os horrores vividos,mas mesmo assim encontram forças para contar suas experiências numa época tão difícil.

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  5. A história dos grandes homens só se dá porque passaram as piores dificuldades possíveis. Não há glória sem ventos contrários.

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