Mulher-Maravilha, por Koudan

Olá pessoal, hoje o tema é sobre um dos maiores ícones feminino da cultura pop do século XX. Cujos braceletes à prova de balas, laço da verdade, tiara bumerangue, força extraordinária, além da beleza estonteante, são usados na luta contra os mais diversos vilões na ficção, e fora dela, na vida real, pela igualdade de direitos entre os gêneros. É claro que estou me referindo, a Mulher-Maravilha.

Aproveitando o recente trailer do filme, que está previsto para junho de 2017, vamos conhecer um pouco mais sobre essa heroína setentona, mas que consegue ainda, enfrentar muitos marmanjos nos quadrinhos, animações e em breve, no cinema.

A personagem é disparada a heroína mais conhecida no mundo, eu tenho certeza absoluta e sem medo de errar, que ela será a primeira opção de quase a totalidade das pessoas sobre mulheres entre os heróis. E agradecemos a propaganda e os movimentos feministas pela sua ascensão, sem menosprezar os fãs, é claro.

A guerreira amazona, da ilha paraíso (Themyscira), surgiu lá na década de quarenta, para fazer contra posição a outro herói emblemático – o Super-homem. Então suas cores (as mesmas da bandeira americana), não são simples coincidência, temos naquela imagem, a mesma divisão de força e poder entre homem e mulher de maneira idealizada.

As histórias em quadrinhos, por está no campo da ficção e da arte, tem uma relação estreita com sua época, sendo impossível não haver em seus enredos as influências sociais e científicas da sociedade como um todo, pois seus temas prezam quase sempre pela universalidade dos dilemas humanos. Apenas para ilustrar, a fórmula mais acertada dessa releitura para os gibis, são os X-Men, em que a analogia dos mutantes foi feita com a discriminação contra os negros nos Estados Unidos nos anos sessenta.

Assim, não poderia ser diferente com a amazona guerreira. Inspirada nos movimentos feministas crescentes em meados do século XX, o psicólogo americano, William Moulton Marston, criou a Mulher-maravilha cuja origem envolve a fantástica mitologia grega. Ela serviu de símbolo durante décadas, para reivindicações femininas e por direitos equivalentes aos dos homens. Isso não é algo difícil de entender, pois ainda hoje, as pautas feministas são bem amplas e nos perguntamos: por que ainda há tantas diferenças nas relações de poder entre homem e mulher? Imagine você lá naquela época. Votando aos quadrinhos.

O lar das amazonas é escondido das vistas dos homens, graças à ingerência dos deuses do Olimpo, em especial Hera, que firmou, há milênios, uma aliança com as guerreiras para que elas vivessem em paz, livres da selvageria e da dependência dos homens.

O primeiro contato com o patriarcado, mundo dos homens, após o pacto com os deuses, se deu com o piloto americano Steve Trevor, que se acidentou e caiu na ilha secreta das amazonas, tendo Diana como sua salvadora. Evidentemente ela ficou surpresa, pois nunca tinha visto em toda sua existência um homem, a não ser na figura dos deuses. Ela nunca tinha visto, porque nasceu depois do pacto.

Diana Prince, seu alter ego, após a decisão de sua mãe, rainha Hipólita, vai como embaixadora (ela própria exerce a função) para o mundo do patriarcado, representando sua terra, a Ilha Paraíso. Dessa forma começa sua saga de heroína, fundando, posteriormente com Batman e Super-homem, a Liga da Justiça, sendo a terceira no comando dessa equipe.
 
Nas primeiras décadas o símbolo estava definido, mas suas histórias só ganharão profundidade com o passar dos anos, tornando-se cada vez mais política, como na ótima edição de Alex Ross, Espírito da verdade, em que traz temas diversos, como a exploração da mulher em vários âmbitos, incluindo os religiosos, pelo questionamento do uso da burca pelas mulheres em alguns países.

Não há dúvida que o momento é oportuno para um filme de super-heroína, levando em consideração que a Marvel em mais de quinze anos de cinema, não fez algo tão relevante com suas personagens femininas (eu ignoro Elektra, 2005). A DC / Warner sai à frente nesse quesito, com o filme ambientado na primeira guerra mundial, ou seja, período o qual as mulheres não gozavam dos muitos direitos de hoje em dia, melhor; eles nem se quer eram discutidos. O cenário de guerra, onde as vitimas mais constantes são justamente elas, além das crianças e velhos foi sem dúvida foi uma ótima sacada. Com essa premissa, o filme me ganhou antes mesmo de ter saído, espero que supra minhas expectativas. Aliás, posso deduzir pelo enredo o provável vilão. Primeira Guerra mundial, numa história que envolve mitologia grega, então as chances recaem sobre o próprio deus da guerra Ares, esperemos.

Vale lembrar também, que já tivemos uma pequena mostra dessa personagem no cinema, com o Batman vs Superman, e se há uma unanimidade positiva naquele filme, foi justamente sua aparição. Talvez pela força que possui os chamados três mais da DC comics.

Mas como não se pode agradar a todo mundo, eu fiquei insatisfeito por alguém que não aparecerá até onde eu sei. Espero que não esteja sozinho nessa insatisfação. Eu gostaria muito que a atriz Linda Carter, fizesse parte desse novo projeto da Warner, assim como Christopher Reeve eternizou no imaginário popular a imagem do Super-homem, creio que essa atriz fez o mesmo pela Mulher-maravilha, após ter estrelado a famosa série na década de setenta. Seria legal vê-la como qualquer personagem, quem sabe Hera, caso apareça muitos deuses, pois Hipólita, ela não será. Enfim, um desabafo.

Eu sei que houve anos atrás pela rede ABC a tentativa de fazerem uma nova série da amazona, graças a Deus isso não foi pra frente, pois era tão ruim, que fazia a Mulher-maravilha da década de setenta parecer Matrix perto dessa nova concepção, alguém poderoso deve ter percebido isso também.

Agora se você ficou com muita vontade de saber mais sobre a heroína antes do filme estrear. Há boas opções em quadrinhos, como a história de origem da personagem, da década de oitenta, numa reedição de 2005, pela Panini comics, de George Perez: Mulher-maravilha, deuses e mortais. Facilmente encontrado na internet para venda, ou a animação de 2009, que é excelente!

Por fim, desejamos sucesso para atriz Gal Gadot nesse trabalho tão simbólico, carregados de significados e significantes de várias gerações, e como não poderia ser diferente, linkarei aqui embaixo o trailer do filme, que de tão empolgante, eu só poderia terminar com uma frase que a própria mulher maravilha diria.

Grande Hera, que trailer bom!


Koudan - Professor de História, Orientador Educacional e Contista, foi membro do Núcleo de Literatura da Câmara dos Deputados  e pesquisador em História oral e Mitologia greco-romana. Amante de ficção científica e animação, e leitor ávido de quadrinhos e livros.

2 comentários

  1. Que mulher hj com mais de quarenta anos não desejou ser a própria mulher maravilha "eu com certeza" e por isso que estou esperando ansiosa pelo filme.bjo

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