O Bangalô - Sarah Jio

Verão de 1942. Anne tem tudo o que uma garota de sua idade almeja: família e noivo bem-sucedidos.
No entanto, ela não se sente feliz com o rumo que sua vida está tomando. Recém-formada em enfermagem e vivendo em um mundo devastado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, Anne, juntamente com sua melhor amiga, decide se alistar para servir seu país como enfermeira em Bora Bora.
Lá ela se depara com outra realidade, uma vida simples e responsabilidades que não estava acostumada. Mas, também, conhece o verdadeiro amor nos braços de Westry, um soldado sensível e carinhoso.
O esconderijo de amor de Anne e Westry é um bangalô abandonado, e eles vivem os melhores momentos de suas vidas... Até testemunharem um assassinato brutal nos arredores do bangalô que mudará o rumo desta história.
A ilha, de alguma forma, transforma a vida das pessoas, e este livro certamente transformará você.

Jio, Sarah. O Bangalô. Tradução: Ana Paula Costa Doherty. Ribeirão Preto, SP: Editora Novo Conceito, 2015. 320p. Título original:The Bungalow.

Temos aqui uma história que vai deixar o leitor com a sensação de que tem em mãos um pequeno tesouro, que precisa ser manuseado com cuidado e carinho, indicado e compartilhado com ansiedade e guardado no baú de ótimas recordações de leitura. Poético não é?! Pois é, porém, mesmo dando essa pincelada de poesia no início dessa resenha, nada se compara ao prazer que foi a leitura de O Bangalô.

Decidi ler esse livro como a minha escolha de leitura nos dias de Natal, e nem cheguei ao dia 24, pois a história é tão linda, conquista o leitor de tal maneira, que quase devorei literalmente o livro. Na narrativa de O Bangalô temos de tudo um pouco: um cenário paradisíaco, mas, ao mesmo tempo, devastador; personagens apaixonantes que encantam por sua carga emocional; circunstâncias da história que aterrorizam, mas, acima de tudo, uma trama muito bem escrita, com todas as amarras e pontas bem encaixadas e que dão um prazer enorme em desatar.

O prólogo do livro nos remete a questões que não calam ao coração: Será que o passado e as lembranças podem mudar o presente ou mesmo transformá-lo? Será que revivê-lo é saudável apesar das recordações que ele traz? Tenho para mim que esse é o segredo de Sarah Jio, pegar o leitor desde o prólogo, nos deixando refém da história até a última página.

Falemos um pouco sobre os personagens da trama. A história é narrada em primeira pessoa, sob o ponto de vista de nossa querida Anne, uma moça que tinha tudo para ser feliz: família perfeita, dinheiro, formação em enfermagem e com o casamento dos sonhos marcado, diga-se de passagem, com o melhor partido da região. Porém, Anne sentia que faltava algo em sua vida, ela não queria ser como todas as mulheres da época: dona de casa, servindo ao marido e com coisas fúteis para preencher seu tempo. Anne queria fazer diferente.

Eis que, então, atiçada por sua amiga Kitty, ela se alista no Exército para servir a pátria como enfermeira no front da guerra. Começa aí sua grande aventura, regada a novas amizades, momentos de muita dor e sofrimento e a descoberta do verdadeiro amor.

Conhecemos aí o jovem Westry, um soldado gentil, cavalheiro e que fará de tudo para tornar os dias de Anne, durante a guerra, em algo que ela possa recordar um dia com um sorriso.

Sarah Jio no brinda com uma escrita primorosa da história de um casal irresistível, que nos dá a ilusão de que um amor construído durante a guerra pode mudar vidas, transformar as pessoas, mas, acima de tudo, salvar almas.

Não tem como não se deixar envolver com todos os personagens da trama — e não são poucos —, num cenário de guerra onde se criam laços inquebráveis, no qual se fazem e se perdem amigos, amores e esperanças.

Além de nos presentear com uma história de amor, O Bangalô também tem seus momentos não tão românticos, onde o personagem “a guerra” se faz tão presente que deixa o leitor com um suspiro suspenso, uma dor no coração e uma vontade de tentar mudar um passado que deixou marcas na história. Isso é o que faz uma leitura ser tão apaixonante: o dom da autora em transformar fatos em personagens, em construir cenários que duram anos e anos na lembrança.

Acredito que, por mais que eu tente explicar as sensações e emoções que senti lendo esse livro, serão poucas para expressar tamanho prazer que tive lendo esse livro que eu indico, recomendo e imploro que leiam.

O Bangalô foi minha melhor leitura do ano, seguida por Neve na Primavera, também de Sarah Jio. Tenho certeza de que a autora tem o toque de Midas, tudo que ela escreve é de uma riqueza e de uma sensibilidade tão grande que fica impossível resistir, e se torna ouro nas nossas mãos quando iniciamos a leitura.

E só existe uma maneira de se comprovar tudo que eu disse aqui nessa humilde resenha e muito mais que a leitura nos reserva: lendo! Então, está esperando o quê?!

P.S.: Uma dica para quem vai iniciar a leitura: Ouça a música La vie en Rose,  na voz da cantora Edith Piaf. A canção é citada durante a leitura e com certeza irá tocar seu coração.

4 comentários

  1. Leninha!
    Adoro os livros da autora, realmente ela tem um jeito bem especial de escrever.
    Adoro de livros ambientados nas guerras e ainda com o encontro do verdadeiro amor, deve ser fenomenal.
    Será uma das minhas primeiras leituras em 2016.
    “Desejo de um feliz ano novo todos nós temos, mas fazer o ano novo realmente feliz depende da atitude de cada um de nós.” (João Luis Mastrângelo)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participem do nosso Top Comentarista de Dezembro, serão 6 livros e 3 ganhadores!

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  2. Olá, Leninha!

    Sim, um livro com O Bangalô no faz pensar se revirar o passado vale a pena ou só vai me machucar mais. E como sou uma dessas pessoas que choram e tentam esquecer tragédias quando elas ocorrem, esse livro com certeza irá me tocar, mesmo que o fato de a 2ª Guerra Mundial ser tratada nele o torne um pouco difícil de ler por razões emocionais, mas ler ajuda a tratar as emoções e as dores da vida em meio a ficção.

    Um abraço!

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    1. Acho que você vai amar o livro Leti, até porque o foco principal é o amor, o romance.
      Beijos

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