Meridiana. Linha que une. Ultrapassa. Liga. Um dado lugar. Uma família.
O novo romance de Eliana Alves Cruz nasce de um espaço (e de uma perspectiva) que marca profundamente a trajetória narrativa: um lar, uma mãe, um pai, três irmãos; um tanto de outros personagens, um cenário (ou uns). Seis pontos de vista, seis vozes, seis vezes alguém querendo nos dizer algo.
Meridiana, que titula o livro, é a última que nos chega por ela mesma, mas desde o início se mostra como seu próprio nome insinua. Parece ser o elo que mantém a ternura dos seus pares, que está em cada fissura, em cada reconhecimento, em cada nuance que o enredo provoca e traz, sutilmente ou não.
Acompanhamos aqui o caminho dessa família preta em plena ascensão num Brasil profundamente marcado pelo preconceito. Uma família que, ao sair da favela, rompe com as barreiras da classe média e a lógica dos espaços de poder, tudo de forma detalhadamente impressionante.
O maior feito de Eliana é justamente explorar todas as subjetividades que atravessam cada personagem. Ao optar por esse mosaico de visões, ela oferece ao leitor uma versão rica, plural, distinta.
Sem dúvidas, minha melhor leitura de 2025. Obra lapidada até chegar à sua perfeição!
"Sair da favela e ingressar na vida de classe média era o grande sonho de Aurora e Ernesto. Esse propósito era alimentado pelo amor e pelo desejo de criar filhos “prósperos, exemplares e respeitados pela melhor sociedade”. Deu certo.Com sua prosa leve e, ao mesmo tempo, precisa, Eliana Alves Cruz constrói uma narrativa engenhosa sobre o processo de ascensão social de uma família negra. Cada personagem ― a mãe, o pai, os filhos e a filha ― conta a própria história em primeira pessoa. São testemunhos de uma travessia que nunca é igual para ninguém. Ao explorar a pluralidade de vozes, a autora alcança a complexidade que dá ao processo sua fisionomia particular.Em tempos de desigualdades agudas e divisões de toda sorte, é fundamental olhar a realidade sob diferentes ângulos, explorar nuances e identificar caminhos que nos permitam criar um terreno comum de diálogo. Meridiana faz jus ao nome, conecta polos no espaço e no tempo e nos ensina como passar adiante as conquistas que acumulamos, garantindo que as gerações futuras não se percam e sigam ancoradas no chão da vida.













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