Reler livros é sempre uma experiência perigosa: ao mesmo tempo em que você tem a chance de ressignificar aquela narrativa, corre o risco de estragar memórias quase intocáveis.
Com "Enterre seus mortos", felizmente, pude não apenas encontrar uma história enquanto leitor amadurecido, mas atribuir sentidos outros que, numa primeira leitura, talvez não estivessem ao (meu) alcance.
A obra de Ana Paula Maia é curta, afiada, seca, não menos emocional e visceral. Seu protagonista, Edgar Wilson, é um ser dúbio, soturno, difícil (e por isso bom) de desbravar página a página. Com uma profissão um tanto "incomum" (recolhedor de animais mortos nas estradas), vive em um interior sem nome, beirando estradas ao lado de um ex-quase-padre. Ao encontrar uma mulher m0rta (atribuição que não lhe cabia) sua vida e crenças mudam de perspectiva.
"Enterre seus mortos" é um livro alegórico, desses raros que, por serem tão precisos, necessitam de uma atenção para descamar tudo que ele quer e precisa dizer. Mesmo ágil, taxativo, aciona no leitor alertas que não necessariamente se explicitam no texto.
Li quando foi lançado e reli há poucos dias. Duas experiências completamente diferentes. Ambas fascinantes!













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