Entre golpes e joias - Thiago Barrozo


Ágil, engenhoso e um tanto quanto inusitado: Entre golpes e joias é um romance que brinca com as casualidades do destino em uma trama envolvente e perspicaz.

O autor desenvolve seus personagens em um cenário soturno por meio de uma narrativa peculiar, um protagonista dúbio, verossímil e obcecado por pés (e mulheres vulneráveis em funerais).

Foi meu segundo contato com a obra de Thiago Barrozo e gostei muito do modo como o livro passeia pela celeridade das tramas policiais/de suspense, aprofundando dilemas morais e éticos intrínsecos à complexidade tanto dos personagens quanto do próprio leitor.

André é a figura central da narrativa, então é por meio dele que vemos a história se movimentar - em diferentes direções e em uma temporalidade cronológica. Isso faz com que acompanhemos seus passos e rotina, seja no trabalho (em uma loja de joias), cuidando de sua mãe (internada em um lar de idosos) ou na esfera que não o envolve nesses dois papéis.

Ele é um personagem versátil e impulsivo, dá tom e ritmo ao que as situações exigem; e talvez esse seja o maior feito do autor: optar por contar a história a partir desse olhar (único e engenhoso).

Gostei muito e acho que é um ótimo começo pra quem quer se aventurar em narrativas que mesclam gêneros sem abrir mão dos clichês (renovando-os) e da comicidade da rotina.

É original, autêntico e um pouquinho perturbador. Uma mistura que quase nunca dá errado!

Boa leitura!

André é um golpista tarado por pés que frequenta velórios para seduzir mulheres vulneráveis enquanto cuida da mãe diagnosticada com Alzheimer. Trabalhando na joalheria do melhor amigo para fazer uma renda extra, ele vê sua vida virar de cabeça para baixo quando é obrigado a enfrentar um dilema: trair a confiança do amigo e participar de um assalto à joalheria, ou deixar a mãe sozinha e voltar para a prisão. Perdido entre pés, dinheiro e sangue, André precisa tomar uma decisão. O problema é que nem sempre o caminho mais curto é o que leva ao melhor destino. Nem sempre as coisas saem como planejamos. Às vezes, nossa única companhia é a mentira e o caos.



2 comentários


  1. Eu amei essa capa, me fez lembrar os livros antigos, estilo Agatha Christie. A premissa é bem entusiasmada, gostei da sua visão do livro, Ronaldo. Você sempre traz poesia nas suas resenhas, mesmo que sutilmente.
    Senti que o livro tem um aspecto meio assustador, tenebroso, ou me enganei?
    Gosto de um bom suspense, ainda mais vendo que temos um autor nacional, que com certeza tem muita inspiração, já quero ler.
    Obrigada por compartilhar comigo sua experiência, Ronaldo.
    Beijos estalados!

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  2. Olá! Eita que esse enredo me parece para lá de interessante, definitivamente não seria aquele livro que eu escolheria, mesmo que de maneira aleatória, mas a história conseguiu despertar meu interesse, o fato de o personagem não ser “perfeito” me agrada, acho que torna a leitura mais verdadeira.

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