Impostora - R. F. Kuang


Você é uma escritora fracassada. Sua "amiga" é a autora do momento. Ela tem tudo. Você? Nada. Um dia, vocês saem juntas. Ela te convida para terminar a noite em casa. Você vai. Ela morre. Você percebe que ela tem um manuscrito novinho em folha. Que mal faria você dar uma olhada e lançá-lo como se fosse seu? Você reescreveu algumas partes, aparou pontas soltas. Ele é seu. O sucesso é seu! Você, mais do que ninguém, merece todos os louros.

Impostora, de R. F. Kuang, traz uma narrativa assombrosa e impactante, na qual os limites da ética, da inveja e da moral são moldados, esticados, postos em cheque.

Athena Liu é um fenômeno, escreveu livros que revolucionaram o mercado; June é "só mais um alguém", não faz muito barulho, se frustra em seu próprio anonimato. Quando as cartas mudam de mão, ela assume o pseudônimo de Juniper Song e se lança ao estrelado.

A obra cativa logo nas primeiras páginas e nos leva pelo labirinto dessas personagens, tão ambíguas quanto profundas. Com uma técnica precisa e uma narrativa afiada, o livro caminha do thriller ao drama, colocando o leitor no centro de uma disputa difícil de largar.

Kuang foi magistral ao discutir temas importantes sob uma perspectiva revitalizadora. O livro é um frescor em nossas mãos, mas não deixa de nos sufocar a cada capítulo. Saltando de direitos autorais para prática de yellowface, entranhando-se pelo linchamento virtual e pelos bastidores do mercado editorial, a autora constrói uma história poderosa e inesquecível sobre muitas coisas que vão além da apropriação cultural.

Gostei do início ao fim! Especialmente por brincar com meus julgamentos e rir das minhas suposições. Foi um bom primeiro passo para continuar desbravando sua obra.

As escritoras June Hayward e Athena Liu se formaram em Yale e publicaram seus romances de estreia na mesma época. Tudo indicava que chegariam juntas ao estrelato, mas, pouco depois da graduação, Athena começou a colher louros literários, enquanto June recebeu apenas migalhas de reconhecimento. Afinal, ninguém aguenta mais ler histórias de mulheres brancas - ao menos é o que June pensa.

Quando Athena morre em um estranho incidente, June decide que chegou seu momento de brilhar. Por impulso, ela rouba o manuscrito do novo livro da amiga, uma obra experimental sobre a relevância dos trabalhadores chineses durante a Primeira Guerra Mundial.

O texto é brilhante. E June recebe uma proposta de publicação de sua editora, que sugere um reposicionamento de mercado. E se ela passasse a usar um nome ambíguo, como Juniper Song? June aceita, pois se uma história é boa, precisa ser contada. E as listas de mais vendidos a fazem acreditar que está no caminho certo.

Mas alguém parece saber que a obra-prima de Athena Liu foi roubada, e debates sobre plágio e identidade racial ganham as redes sociais. June então percebe que não poderá escapar desse fantasma para sempre. Do que ela será capaz para proteger o sucesso que acredita merecer?



Um comentário

  1. Oi, Ronaldo
    Nossa, mas essa June é uma safada! Kkkk
    Roubou a própria amiga.
    É triste não conseguir realizar os sonhos, mas ela errou sim... Fiquei bem curiosa para lê-lo! Apesar que imagino que vou passar nervoso kkkk
    Vai pra lista!
    Bjss

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