O que seríamos sem os nossos sentimentos? É a nossa capacidade de sentir que nos faz... humanos?
Em Pá de Cal, acompanhamos um mundo distópico cujo cenário se desdobra a partir de três linhas narrativas: em uma, acompanhamos Inês, uma neurocientista que passa pelo processo traumática da perda do marido e filhos; em outra, Sandro é um enfermeiro que lida diariamente com os cuidados paliativos de quem já se 'desconectou' ou está em processo; na terceira, estranhos - sem memória - precisam lidar com desafios em uma floresta (reunir chaves que, supostamente, abrirão uma caixa com tudo que já foram).
A obra de Gustavo Ávila propõe uma série de reflexões importantes, especialmente pela alternância de vozes que deixam o enredo, ao mesmo tempo, dinâmico e melancólico. A mistura distópica é interessantíssima, pois há uma urgência latente em cada parágrafo, com personagens bem delineados, profundos, distribuídos em cenários e núcleos essenciais para o desenrolar da trama.
Confesso que me surpreendi positivamente ao encontrar uma história que vai muito além do mistério/suspense (como acreditava).
Pá de Cal é um livro sobre humanidade - os caminhos possíveis para perdê-la e/ou reencontrá-la. É também uma obra sobre memória, luto, sobre até onde somos capazes de ir para nos curar da dor. É sobre quem somos ou quem poderemos ser se deixarmos de olhar para o outro. É sobre medos, angústias e, principalmente, sobre algo que a gente nunca sabe nomear.
Foi meu primeiro contato com o autor e digo, sem dúvidas: um dos favoritos do ano. O tipo de literatura que ecoa, muito e muito tempo depois que a história acaba.
Boa leitura!
Seis pessoas acordam sem memória em uma vila. Cada uma delas em uma casa, no interior de uma estranha floresta artificial. Em cada casa há uma caixa trancada por seis fechaduras e uma carta, com uma das chaves e um bilhete que diz:"Suas lembranças estão no interior desta caixa. Para abri-la você terá que reunir as chaves das outras cinco pessoas que estão na vila. Se uma pessoa reunir as seis chaves e abrir a caixa, um sistema irá destruir automaticamente o interior das outras cinco. Somente um poderá se lembrar quem é. Boa sorte."Descubra por que as seis pessoas estão nessa misteriosa vila. Quem conseguirá recuperar sua memória. Como ela fará isso. E, principalmente, a que custo.
Olá! Eita que a resenha despertou meu interesse, confesso que não conhecia o livro e esse universo mais diatópico já fez parte (e muito) das minhas leituras favoritas, por isso, achei para lá de interessante ter a oportunidade de acompanhar essa história, que para variar, me deixou bem curiosa, principalmente com o final.
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