Breve inventário de pequenas solidões - Tiago Feijó


Quantas pequenas solidões formam uma ausência?

Neste breve inventário, Tiago Feijó , disseca as dissoluções do que permanece mesmo depois do fim. Afinal, há sempre um dia seguinte.

Nos contos reunidos aqui, o leitor é convocado a experimentar a vida de cada personagem, mergulhando em suas subjetividades, anseios, medos, hesitações. Partes que ficam e causam dor.

Os textos, curtíssimos, têm a medida certa para nos impactar de um jeito que não se esquecer. É tão bonito quanto lancinante. Poético no tom, mas não menos sutil no jeito de dizer.

Eu, que já era fã de sua narrativa por Dize Dias, me tornei ainda mais admirador.

Destaco aqui os contos "Ele é só um menino" (que evoca uma voz autêntica e original, como nenhum outro); "O Condenado" (que nos faz refletir sobre questões morais e autopunitivas); "Nossos Mortos" (que não tem medo de falar sobre o luto de um jeito tocante e humano); e  "O telefonema" (que é frenético sem ser apressado, um acerto e tanto).

O que mais gosto em livros de contos é quando, mesmo tratando histórias independente, há certa coesão na amarra dessas narrativas. 

Aqui, mesmo que tenhamos contato com várias intimidades, há certo jeito de aproximar cada pequena solidão. E, ao serem aproximadas, também dizem ao leitor: há espaço para mais uma, a sua.

Boa leitura!

Tiago Feijó volta ao gênero de estreia com esta belíssima coletânea de textos curtos, pelos quais o autor busca estabelecer uma temática definida: a solidão, ou melhor, aquelas pequenas solidões às quais todos nós estamos sujeitos. Das insolitudes para as solitudes, o autor mantém a mesma acuidade na escrita, o mesmo cuidado na composição primorosa das frases e dos diálogos, a mesma preocupação em permear sua prosa com achados poéticos e sutis reflexões. Pelos contos enfeixados neste novo livro, um tênue fio vai costurando as histórias, enredando o leitor em várias tramas e texturas, nas quais os personagens, sejam pessoas ou animais, são marcados por algum tipo de isolamento, de perda ou incomunicabilidade. Em outras palavras, por suas solidões, pequenas solidões. Seja o que for, uma coisa é certa: quem se aventurar nesta obra estará em ótima companhia.



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