Diante da vida, VIRGÍNIA se vê MORDIDA.
A obra de Jeovanna Vieira, revela ao leitor a vida de uma protagonista, de nome e título, que está passando pelo doloroso e cruel processo de um relacionamento abusivo - com todas as suas nuances, sutilezas e urgências.
De uma família aquilombada, com uma carreira sólida e amigas fiéis, Virgínia é aquilo que sempre lutou para ser - exceto, talvez, no campo do amor romântico.
Ao se relacionar com Henrí, um argentino branco (e aqui é importante fazer esse recorte racial), embarcamos com ela em uma espiral de violências que mina sua autoestima, sua vitalidade e expõe as inúmeras violências (micro e macro) que atravessam, agora, seus dias.
Ágil, preciso e ligeiramente mordaz - característica ao mesmo tempo metafórica e literal - Virgínia Mordida é desses livros dolorosos, revoltantes, que não desviam um segundo sequer de assumir a responsabilidade do tema que pautam.
É também lírico, em muitas passagens; sobre resiliência, sobre importância de "manter os nossos sempre por perto", sobre a fidelidade que precisamos nos ater, ao nosso mais íntimo, a quem somos.
Os muitos clichês que também atravessam a obra não são, em nenhum momento, desnecessários. Ao contrário, reforçam as situações comuns, os lugares que todos que já experimentaram um relacionamento abusivo estiveram. Eles estão presentes de maneira deliberada e vestidos de uma originalidade autoral reconhecível.
Sem dúvidas, é uma história que permanecerá comigo.
Boa leitura!
Virgínia é uma carioca convicta radicada em São Paulo, que trabalha como advogada de dia e desfruta da cidade à noite. Certa vez, no Aparelha Luzia, encontra Henrí, um ator argentino que ela conhecia de vista, com quem tem uma conexão imediata. Mas é apenas questão de tempo até que aquele relacionamento tão intenso ganhe contornos nocivos, acentuados por diferenças culturais, de gênero e de raça. E, enquanto os flashbacks mostram a história dos dois, uma celebração no Bosque da Saúde vira o palco de uma série de eventos que colocará o namoro deles inteiro em perspectiva.Narrado com capítulos curtos em um ritmo vertiginoso, Jeovanna Vieira constrói uma obra de estreia aterradora, que explora a complexidade humana em todas as suas formas: nossas fragilidades e nossos defeitos, a capacidade que temos de infligir dor em nome do amor e, sobretudo, o poder de sermos resgatados, mesmo quando nos falta coragem.
Já pude entender em todas as linhas e entrelinhas que não é uma história fácil, mas ao mesmo tempo, ela se torna necessária.
ResponderExcluirAinda mais em tempos que a violência à mulher só vem crescendo e isso é assustador.
A diferença da "cor" deve ser outro processo debatido e enfrentado e como é um livro que não conhecia, já vai pra listinha de super desejados!
Beijo
Angela Cunha Gabriel
Olá! Pelo que aconteceu depois da vitória da Argentina na Copa América a gente bem sabe que essa não será uma leitura fácil, mas que definitivamente vale a pena, quase que um relato de um conhecido, mais uma daquelas histórias que facilmente passaria por uma história da vida real.
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