A Playlist da minha vida


Hoje quando me levantei pedi para minha Echo Dot tocar músicas aleatórias da minha Playlist do dia a dia, e ela me presenteou com Tempo Perdido, de Legião Urbana. Fiz uma viagem no tempo e me deixei levar por músicas da minha vida, aquelas que marcaram momentos que ficarão para sempre na minha memória. Daí decidi escrever sobre isso, porque as palavras estavam pulando da minha cabeça.

Minha primeira lembrança musical foi de ouvir o radinho de pilha do meu pai, ele ligava todo dia de madrugada para se arrumar para ir ao trabalho, daí ninava meu sono com músicas caipiras, daquelas bem da roça mesmo. Uma que lembro com muita saudade era Canarinho Prisioneiro, de Chico Rey & Paraná, Depois me lembro de brincar, na tenra infância, ao som de Still Loving You, de Scorpions. Vem até o cheiro de terra molhada do meu quintal na lembrança, e a inocência da criança em nem saber o significado da letra. 

Eu tinha uma vizinha que adorava me ver cantar, e eu me exibia cantando músicas em inglês, daí vem na lembrança uma das canções que eu amava cantar para ela (Out Here) On My Own, de Nikka Costa. Eu tinha esse tipo de voz, fina e afinada.

Na minha adolescência, tive a oportunidade de apreciar muitas músicas bonitas e significativas. Tem uma música, em especial, que escuto e lembro-me de um amigo querido que felizmente ainda hoje faz parte da minha vida. Ele dizia que essa música o tocava profundamente: O Último Julgamento, de Milionário e José Rico.

Aí eu fui crescendo, mudanças, novos amigos, novas canções. Já fui uma rebelde com causa, e lembro de sair pelas ruas em protestos por melhorias na minha escola e coisa e tal, ao som de Legião Urbana. Daí a lista é grande: Faroeste Caboclo, Eu sei, Geração Coca-Cola, Tempo Perdido, Índios e, claro, Pais e Filhos. Ah, e só para constar na época em que Faroeste Caboclo foi lançado eu morava na Ceilândia, numa casa de número 14. Coincidência?!

Tive uma adolescência com muito rock nacional na veia, foram bandas que nasceram e que cresceram comigo: Legião Urbana, Plebe Rude, Nenhum de nós, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso. Hoje me sinto privilegiada por ter uma playlist tão rica e a sorte de poder dizer que vi nascer as músicas que marcaram a geração dos anos 1980. Ah, não só nacionais, as músicas de Metallica, Scorpions, Nazareth, Led Zeppelin, Queen, Skid Row, faziam parte da minha hora do almoço no famoso Love Songs, programa que passava na Rádio 105FM aqui de Brasília, hoje com outro nome.

Lembro de dormir ouvindo esse programa que acalentava meu coração apaixonado e romântico. Daí vem as canções que embalaram minha vida sentimental.

Tem pessoas que se lembram da música que trouxe lembranças do seu primeiro beijo, eu me lembro das que marcaram pelo sentimento, então lá vão algumas músicas que fizeram parte dos meus momentos especiais da vida:  Wish You Were Here, de Bee Gees, It Must Have Been Love e Listen To Your Heart, de Roxette, Always Somewhere e Holiday, de Scorpions, Still Got The Blues, de Gary Moore,  e duas canções que marcaram momentos muito importantes da minha vida: Love Hurts, de Nazareth e Woman In Chains, de Tears For Fears. 

Muitos filmes e suas trilhas sonoras também fazem parte da minha Playlist, como por exemplo: Grease - Nos tempos da Brilhantina, Dirty Dancing e La Bamba, que marcaram e embalam até hoje minha vida.

Depois que me casei passei a ouvir mais e mais músicas que figuravam meu passado, claro que os pagodinhos, os MPBs também fizeram parte da minha vida de casada, mas as antigas ficaram enraizadas em mim. 

Quando tive meu primeiro filho e o perdi, uma música fez parte desse momento tão triste e que me machuca até hoje: Crazy, de Julio Iglesias. Mas não quero falar de tristezas, apesar da minha playlist da vida conter várias músicas que embalaram momentos de muita dor. Faz parte, não é verdade?!

Alegria foi tatuar a letra de uma canção na minha pele junto da minha filha, um momento só nosso que compartilhamos todos os anos e que, apesar de nossas brigas e debates constantes, esse momento nos une, e precisava ficar gravado em nossa pele: Paz e amor, de Nenhum de nós.

"Com flores na cabeça, nossos pés descalços, nossa vida toda, de paz e amor."

Hoje em dia quando mando minha Alexa tocar “minhas músicas” ela me faz viajar, me traz músicas lindas, românticas, inesquecíveis. Você não vai ouvir aqui em casa nada que se toca atualmente, “coisas” que nem qualifico como músicas e que embala esse povo jovem aí. Uma pena, eles não terão lembranças de letras bonitas e inspiradoras, melodias suaves, e do amor saindo pelas entrelinhas das canções que fazem parte de um passado que está ficando lá... No passado. Mas, que tem um lugarzinho especial bem no fundo do meu coração e da minha memória.

Agradeço por ainda ter ao meu lado amigos com o mesmo gosto musical, que participaram do nascimento do Rock do Brasil comigo, agradeço ter ao meu lado o homem que me beijou ao som de uma bela canção de Tears for Fears, que ama Donna, de Ritchie Valens e Dona, de Roupa Nova e que, apesar de, ter um gosto diferente do meu, ouve o que ouço e ainda dança comigo. 

Um pouquinho da playlist da minha vida vai ficar aqui nesse texto, e na lembrança das pessoas que estiveram do meu lado um dia. O dia que eu partir, alguém vai ouvir uma bela canção e dizer:  "Leninha amava essa música!"

11 comentários

  1. Oi Leninha. Tudo bem?
    Foi bom você me lembrar, porque com toda correria que foi o meu dia, acabei esquecendo de vir aqui comentar. kkkkk
    Que post gostoso de ler, e que me deixou com o coração quentinho. A grande maioria das músicas citadas aqui também estão na playlist da minha vida e lendo me fez recordar muitos momentos bons, mesmo quando a vida não era fácil. Gostei de passar por aqui e poder relembrar com você.
    Bjus

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    1. Fico feliz por você ter vindo, Lia. Bom saber que dividimos o bom gosto musical e podemos dizer que músicas tão lindas fazem parte da playlist da nossa vida.
      Volte sempre, viu?
      Beijos

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  2. Amiga não consegui logar para responder.
    Você tem o dom de expressar seus sentimentos através da escrita, e com isso nos emocionar.
    Viajei no tempo com você.
    Simplesmente maravilhoso!!

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    1. Bom que mesmo sem conseguir logar você deixou suas palavras aqui Paty.
      Dividimos o gosto das boas músicas, mas nossa favorita é a Marron, Alcione, não é amiga?!
      Beijokas

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  3. Olá!
    Antes de comentar o texto, gostaria de cumprimentar todas as pessoas que seguem e interagem aqui, nesse blog. É a minha primeira vez. Sou um pouco "ogro" nessa coisa de redes sociais.
    Tenho a honra de ter vivido e feito parte da infância da Lena. As circunstâncias da vida fizeram com que houvesse um lapso temporal em nossa história, e acabamos nos afastando fisicamente, embora sempre aqui em Brasília. O bom é que sempre fomos amigos de verdade.
    Leninha, você foi absolutamente certeira nesse texto. Você disse tudo que eu gostaria (embora não soubesse dizer), de gritar ao mundo.
    Eu vi, eu vivi, eu curti, o momento mais sublime da música, não só brasileira, mas do mundo.
    Ah, obrigado por lembrar de mim nesse post. A música O último julgamento foi gravada por Milionário & José Rico, creio que em 1997. Naquele tempo era sucesso na voz de Léo Canhoto & Robertinho, sou suspeito pra falar das duas duplas.
    Gente, por falar em duplas, deixem-me passar uma vergonha aqui em público.
    Eu também sou do tempo do radinho de pilhas, e das transmissões das Rádios AM. Ah, como era bom ouvir os programas das rádios AM nas quais, em sua maioria, tocavam as músicas sertanejas e caipiras de duplas que eram consagradas, antes mesmo se existirem Xitãozinho & Chororó. É claro que estou falando de coisas dos anos 70 e 80, que ainda são sucessos até hoje.
    Mas, pra meu texto não se tornar um livro, vou resumir. Eu gostava tanto de "duplas" que, em um dado momento da minha infância, eu pensava que os nomes de umas bandas, ou até mesmo de cantores internacionais eram duplas.
    Por exemplo, eu achava que Pink Floyd eram Pink & Floyd, pode? Black Sabbath, pra mim eram Black & Sabbath.
    Rod Stewart pra mim eram Rod & Stuart , imaginem isso...
    Hoje acho graça disso, mas agradeço por ter lido um texto tão certeiro como esse. Lena, muito obrigado!
    Você arracou de mim sentimentos bons. Boas saudades que estavam guardadas numa "gaveta" lá no fundo do coração e agora terão destaque maior no acervo das lembranças boas da vida. Muito obrigado!
    Amei ser lembrado no teu texto.

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    1. Adoraria que todas as pessoas que citei, mesmo que de forma anonima, viessem aqui deixar seu comentário, assim como você fez, meu amigo.
      Tivemos o privilégio de viver o melhor da música, de dividir momentos tão especiais. Fazer/escrever esse texto foi mesmo como viajar no tempo, lembrei de tanta coisa boa, tantos momentos que infelizmente não voltam mais, mas...
      Você está certo no quesito do cantor da sua música, mas na busca para linkar só veio mesmo o Milionário & José Rico, com qualidade, então deixei. Erro meu que você felizmente corrigiu, obrigada.
      Queria que você viesse mais aqui no blog, seria bom saber que finalmente se rendeu às redes sociais, rsrsr
      Um grande abraço, meu amigo.

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  4. Não tem como ler seu post cantando com os olhos marejados...sou do interior, então o rádio aqui é ainda utilizado demais viu? rs sim, com pilhas grandonas rs eu amo o som natural das coisas e as músicas ficam esse gostinho agridoce..saudade de bons e momentos ruins, mas que são parte de cada um de nós.
    Eu amava Tonico e Tinoco rs meu pai tinha Lp, fitas K7...e claro, Padre Zézinho que ele ouve até hoje e traz a infância de volta.
    Acho que meu pai foi sempre minha referência nessa parte, ele gosta de música sertaneja..já minha mãe? Jesus amado rs corre de todo tipo de música.
    Eu sou de Belchior, Ney Matogrosso, Chico e vou até Ac/Dc em questão de minutos!!!
    A música é universal e eterna. Rever Elis num comercial de carro famoso essa semana que passou me fez chorar que nem criança!!!!
    Viva a música, viva a sua história, viva a nossa história com trilha sonoras distintas, mas nem por isso, menos ou mais especiais!!!!
    beijo e gratidão por tanto sentir!

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Menina, viajei com você nas preferidas de seu pai. Perdi meu pai meses atrás, e a única coisa dele que pedi para minha mãe foi o rádio de pilha. Trouxe ele comigo, mas não consegui mantê-lo, eram muitas lembranças, daí devolvi para a cabeceira da cama de mamis, lá é o lugar dele, dói viu?
      Mas acredite, nossas trilhas sonoras de vida são perfeitas e é tão bom recordar, né?!
      Beijos, Angela.

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  5. Ah! Leninha!
    Difícil escolher uma play list da minha vida.
    Minha vida sempre foi regada de muita música e estilos.
    Músicas clássica na infância, painho amava e como estuda piano, sempre fizeram parte da minha vida.
    Pré adolescência o rock (muito Elvis...kkk) e adolescência adentro muito rock nacional e internacional, country americano, MPB, e por aí vai.
    Início da fase adulta, muitas músicas românticas (considerados como brega...kkkk...)
    Cada momento da minha vida tem uma música especial, tenha certeza.
    E a música que mais amo e conta a história da minha vida é TOCANDO EM FRENTE - Almir Sater.
    E hoje, minha playlist tem de tudo, menos funk (nada contra quem gosta, mas não gosto).
    Enfim, para mim, música é vida!! E permeia toda minha vida!
    cheirinhos
    Rudy
    PS: Temos gostos muito parecidos.

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  6. Também cresci com meu pai ouvido músicas, mas um estilo um pouco diferente - Amado Batista, Roberto Carlos...
    Mas é interessante como a música marca nossas vidas.
    Amei o seu texto, achei lindo!
    Tenho um carinho especial por Tempo perdido, ela me toca de uma maneira que eu não sei explicar.
    Bjos!

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  7. Olá!
    Definitivamente você é muito privilegiada mesmo, ter a oportunidade de
    acompanhar bandas tão maravilhosas desde o comecinho é simplesmente incrível,
    por aqui minha infância foi recheada de muito sertanejo (por parte da minha
    mãe), entre eles destaco Leandro e Leonardo e uma pitada de Raça Negra e Zeca
    Pagodinho (por parte do meu pai), confesso que curtia bem mais o sertanejo
    (risos), conforme fui crescendo tive o privilégio de ter um irmão com bom gosto
    e que me influenciou demais a curtir Legião Urbana, Engenheiros do Havai, CPM
    22, O Rappa, Charlie Brow Junior (banda da minha região), Nirvana, Pear Jam (é
    deles minha música favorita da vida, Black) Foo Fighters (tenho uma tatuagem
    com o nome de uma música linda deles, These Days), Bon Jovi, Oasis, entre
    outras bandas maravilhosas. Tive minha fase EMO, como toda boa adolescente no
    final dos anos 2000 e até hoje sou muito fã de Fresno e Nx Zero e por parte da
    minha irmã mais velha tive a influência para curtir BackstreetBoys, então meu
    gosto musical é para lá de diversificado, hoje em dia, essas bandas dos anos
    80,90,2000 fazem parte da minha playlist diária, acrescentei algumas
    bandas/cantores mais recentes como Kings of Leon, The Killers, Paramore, Panic
    at the disco, Taylor Swift, Sam Smith, Shakira, aliás, quando o assunto é
    música, acabo sempre me empolgando, assim como quando falo de livros e poderia
    ficar aqui falando (escrevendo) por horas sobre músicas incríveis.

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