Doze Dias - Tiago Feijó


O que são doze dias dentro de um instante? São doze dias passados na eternidade! Doze dias no leito de um hospital: como esse tempo passa?

Passam-se mágoas, ressentimentos, uma réstia de amor; passa-se um pai, um filho e a vida se findando; passam-se também horas, esticadas, distantes, aproximadas.

No primoroso "Doze dias", de Tiago Feijó, o que importa são os sentimentos - 'bons' e 'ruins'. Através de Raul, o pai, temos o retrato de uma morte iminente e tudo que ela provoca. Com o filho, Antônio, observamos a vida acontecendo no prisma de um cenário avassalador (físico e psicológico).

Separados há quinze anos - por forças circunstanciais e provocadas - os dois se veem forçados a conviverem os supostos últimos doze dias do patriarca - no leito de um hospital.

Nesse tempo, e em uma narrativa que, por não ser linear e cronológica, convida o leitor a passear pela própria perspectiva que se tem sobre sua passagem, os dois são confrontados pelos sentimentos mais adversos: das memórias doloridas às poucas bonitas, da dor e angústia ao amor e carinho, enfim, tudo que uma relação conturbada entre pai e filho pode ter.

Particularmente, me foi um livro muito tocante, pessoal, avassalador e igualmente doído. Consegui me conectar com Antônio de um jeito muito único, como se compartilhássemos uma dor muito semelhante, identificada por essa relação com a figura paterna.

Para além do enredo, o estilo do autor é refinadíssimo, talhado com palavras e frases certeiras, que prolonga toda e qualquer experiência que o leitor possa ter e vivenciar nas pouco mais de 180 páginas.
É igualmente bonito, dolorido e necessário. E, sobretudo, se coloca em um lugar especial e importante na literatura brasileira contemporânea.

Boa leitura!

Um pai e um filho que não se veem há quinze anos, separados por uma indiferença mútua e persistente, rompida apenas uma vez a cada ano, quando o pai telefona ao filho para felicitá-lo pelo seu aniversário. Mas o acaso tratará de pôr fim a este frio afastamento. Certa manhã, o senhor Raul acorda com uma estranha dor que o impede de se levantar da cama; sozinho e abandonado, não lhe resta outra alternativa senão ligar para o filho e lhe pedir ajuda. Antônio viaja duzentos quilômetros com o intuito de levar o pai ao hospital e retornar à mesmice de sua vida, mas o desenrolar dos fatos o mantém por doze dias no hospital, como único acompanhante do doente, na saga em que se transformará a enfermidade inesperada daquele seu desditoso progenitor.


3 comentários

  1. Ronaldo!
    Parece um livro de emoções fortes.
    E fiquei imaginando como foi o reencontro de pai e filho e também os dias que passaram no hospital.
    Se há refinamento na escrita, melhora ainda mais a leitura.
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Olá! Mais uma resenha onde os sentimentos simplesmente transbordam, eu fiquei aqui com o coração apertadinho só de ler, imagina quando me aventurar na leitura, sem dúvida, os lencinhos serão necessários.

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