[Minissérie] Todo dia a mesma noite


Esse fim de semana decidi aceitar o desafio que fiz a mim mesma e assisti a minissérie “Todo dia a mesma noite - O incêndio da Boate Kiss”. Daí me lembrei exatamente porque eu havia decidido não assistir: Dói demais, dói na alma.

Há exatamente 10 anos acontecia a maior tragédia da história envolvendo jovens e adolescentes no Brasil. Foram 242 almas perdidas, 242 jovens com um futuro pela frente que foram ceifados pela irresponsabilidade e pela negligencia de alguns. 
Lembro que na época em que essa tragédia aconteceu eu desligava a TV, fiquei literalmente uns dias fora do ar, longe dos noticiários, por um único motivo: eu tinha uma adolescente em casa e me coloquei no lugar de cada pai e mãe que perdeu um filho naquele dia. Ver tudo aquilo nas manchetes, na TV e não poder fazer nada me fez sentir pequena, insignificante, é como se deixar morrer.

E ainda com mais um agravante: eu também perdi um filho. Claro que a perda de um filho é algo único para cada pessoa que vive essa dor, não importa o quanto se viveu ao lado dessa dádiva dada por Deus a nós. Seja uma perda durante a gravidez, com poucos dias depois do nascimento ou com anos de convivência juntos, cada um de nós sabe que a dor é a mesma.

É como arrancar nosso coração e deixar um buraco imenso, que jamais será preenchido.

“Todo dia a mesma noite” nos mostra o quanto foi devastador o que aconteceu com aqueles jovens, e com suas famílias. Porque por mais que tenha sido terrível perder seus filhos, foi ainda maior o grito por justiça, justiça essa que se espera até hoje. E já se vão 10 anos sem paz e sem que se fosse permitido dar descanso àquelas almas, todas elas!

Os três primeiros episódios da minissérie foram torturantes, agoniantes, sufocantes, foi como reviver cada momento da tragédia pelo olhar das vítimas, e depois pelo sofrimento dos pais e familiares. Com certeza todos que viram os fatos em 2013 e viveu junto com aqueles pais a tragédia que foi o incêndio da Boate Kiss, reviveu com a minissérie tudo por um novo ângulo, por dentro dos fatos, bem de perto. E olhando agora fica mais forte a certeza de que impunidade dói tanto quanto a perda de um ente querido.

Com certeza essa não é uma minissérie para pessoas que tem um coração mais sensível, ela dilacera, maltrata e queima a gente por dentro. É como estar presente aos fatos e não poder fazer nada, ficar inerte diante de tanta dor apenas se permitindo sentir e se compadecer dela. 

“Todo dia a mesma noite” é a realidade de uma tragédia anunciada e que ainda dói profundamente, não só pela impunidade, mas pela perda em si, pela falta que um filho faz, pelo imenso vazio que eles deixam na alma e no coração de quem os ama. Eu sei bem como é!

Então, fica a dica: só assista se realmente você tiver coragem, até porque depois será tarde para se arrepender, porque a tragédia da Boate Kiss faz parte da nossa triste história de perdas irreparáveis, dor, saudade e, infelizmente, impunidade.

5 comentários

  1. Oi amiga, eu não assisto nem me pagando, foi algo muito próximo nosso aqui, visitamos o local alguns anos depois, o clima é pesado demais, a tristeza está presente no ar. História carregada de revolta, não acredito que eu esteja num bom momento para assistir, daqui uns anos talvez...

    ResponderExcluir
  2. Acredito que seja uma série muito bonita de ler.
    .
    Cumprimentos poéticos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderExcluir
  3. Leninha!
    Ainda não consegui assistir. Quando vejo a propaganda, já choro, imagina se assistir, pelo menos agora não.
    Sei bem como você o que é a perda de um filho e dói demais...
    O pior é ver que dez anos se passaram e cadê a justiça?
    Como condenam e depois voltam atrás e deixam os responsáveis soltos? Absurdo total.
    Sinto pelas famílias que perderam seus parentes naquele momento...
    E pelo que ficaram com sua marcas e cicatrizes.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  4. Olá! Não sei se eu teria essa coragem, só acompanhar as notícias pelos jornais e redes sociais já é um sofrimento, imagina reviver tudo isso mais uma vez e pior ainda é saber que a impunidade ainda paira sobre essa tragédia (e outras tantas).

    ResponderExcluir
  5. Eu tive um mês de Janeiro turbulento. Não ando vivendo momentos bons, então, decidi não ver ainda. Ela está aqui, mas vai esperar o momento que eu estiver bem.
    Sei que ao ver, vou desmoronar de novo e por estar saindo de crises fortes, sei que não quero mais passar por isso, ao menos agora.
    Vai doer...não tem como não doer :(

    Beijo
    Angela Cunha

    ResponderExcluir

Seu comentário é sempre bem-vindo e lembre-se, todos serão respondidos.
Portanto volte ao post para conferir ou clique na opção "Notifique-me" e receba por email.
Obrigada!