Caçadas de Vida e de Morte - João Gilberto Rodrigues da Cunha


Sabe aquela história que precisa de um momento certo para ser apreciada? Que mesmo a tendo em mãos e depois de várias tentativas tem sua hora? Pois é, chegou o momento certo e apropriado para minha leitura de Caçadas de Vida e de Morte, de João Gilberto Rodrigues da Cunha.
 
Logo de cara me deparei com uma escrita rebuscada, bem típica do tempo regional em que a história se passa, no final do império e início da República, na formação do Triângulo Mineiro. 
Nossos personagens são totalmente distintos. Tonho Pólvora é um homem humilde, depois de se ver sem fundos e sem um lar, pois seus irmão assumiram os negócios do pai o deixando sem perspectivas de futuro, ele toma as rédeas de sua vida e vai desembocar na cidade de Desemboque, no Triângulo Mineiro (olha o trocadilho, rsrsr), com o pouco dinheiro que tem, mas com muitos planos e vontade de trabalhar, ele compra a Fazenda Alvorada e dá inicio a uma empreitada de coragem, trabalho e honra,  começando assim a prosperar.

Por outro lado conhecemos José Antônio (Albério), um homem oportunista, que vê nos golpes e falcatruas uma maneira fácil e eficaz de "vencer na vida".

O caminho desses personagens se cruzam e a cidade de Desemboque vai ficar pequena para dois homem ambiciosos, mas cada um com um caráter distinto e um jeito diferente de ver a vida.

Temos aí um pano de fundo digno de nota que deixa a leitura fluida, difícil de ler apenas mais uma página, o que culmina em uma leitura de fim de semana tensa, rápida e com um desenrolar bem característico dos clássicos nacionais. 

Foi difícil não me envolver com tantos personagens que nos são apresentados, como num redemoinho dentro de uma história, mas ao longo da trama vemos que cada um se encaixa perfeitamente e tem seu papel fundamental, coisa de um bom escritor, com certeza. Não se surpreenda com as cenas violentas, beirando a barbárie, elas estão presentes na trama, confesso que eu me assustei em alguns momentos, mas com certeza são fatos que na época por onde a história se passa foram comuns, por assim dizer.

Uma história rica em detalhes, com personagens bem característicos da época, num cenário rústico e fiel. É fácil amar e odiar alguns personagens e transitar entre esse amor e ódio durante toda a narrativa. Adoro isso em um livro que me tira da zona de conforto. 

Só posso render elogios ao autor João Gilberto Rodrigues da Cunha que nos brinda com uma história completa, com todas as amarras muito bem firmes, e um desenrolar plausível que além de forte nos deixa uma lição  de vida, de morte e sobre o Brasil da época.
Uma experiência única que recomendo a todos. Uma viagem no tempo, com certeza. Leia e experimente esse turbilhão de emoções presentes na história de dois homens e suas trajetórias de vida.

No final do século XIX, o sertanejo Tonho Pólvora compra a fazenda Alvorada, no interior de Minas Gerais. Com trabalho duro e falando a língua da terra, ele faz o lugar prosperar e se torna uma das lideranças da região.

Na mesma época, em São Paulo, o jovem contador José Antônio dá um golpe na empresa onde trabalha e se lança, em fuga, para o interior do país, atrás de um lugar seguro para se estabelecer.

O primeiro é uma presença inspiradora que tem o dom de extrair o melhor das pessoas. O outro só pensa nos próprios interesses e causa destruição por onde passa.

Quando essas duas forças antagônicas se cruzam, o resultado é uma teia de intrigas que se estende em todas as direções e enreda tudo pelo caminho.

9 comentários

  1. Que bom que você não desistiu da leitura amiga. Tudo tem seu momento certo, inclusive para as leituras, acredito que este tipo de obra não seja mesmo para ser lido em qualquer momento, a gente precisa estar receptiva à leitura. Eu fiquei bastante interessada, estou cansada dos romances, não que eu não goste mais, gosto sim, mas percebo a mudança nos meus gostos e este é um dos livros que eu leria neste momento...

    Adorei tua opinião!

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    1. Difícil eu desistir de uma leitura, essa em questão apenas não me chamou a atenção quando tentei pela primeira vez, mas assim que peguei de novo vi que a história tinha muito para contar, não me decepcionei.
      Acredito que você vai apreciar a leitura, mas ela tem um tempo certo para ser feita, escolha direitinho seu momento.
      Beijokas

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  2. Leninha!
    Amo nossos autores nacionais, criam enredos que nos emocionam.
    Tenho esse livro, mas não sabia nada sobre ele e nem tinha lido nenhuma resenha. Fiquei bem feliz com a sua, porque pude ter uma visão amplificada do que encontrarei. E confesso que gosto mundo da em que o enredo se passa e também, por ser em estdos do Brasil.
    Fiquei bem curiosa.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Se você tem o livro já é um passo grande, falta escolher o momento para ler.
      Fica curiosa não, leia. Depois me conta, tá?!
      Bjs

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  3. Esse é um dos livros que sempre desejei e ler e fiquei enrolando até hoje, lendo sua resenha e me questionando os motivos de nunca ter tentado com mais afinco procurar pelo livro.
    Acho que medo da linguagem mais rebuscada, pois o ser fã da nossa literatura nacional é algo que emociona, toca fundo na alma e esse jeito de contar, me lembrou não sei porque, O Auto da Compadecida, que amo com toda a força do meu coração!!!!
    Com certeza, espero que o momento tenha chegado para mim!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Então, Angela. O livro apesar da escrita é super tranquilo de ler e entender. As amarras estão bem presas e se desenvolve de maneira inteligente. Acredito que você vai amar, de verdade, e até se arrepiar com algumas cenas. Quanto a ler o Auto da Compadecida, só se for no cenário mais agreste, porque humor nenhum eu vi nessa história, rsrsrs
      Depois me conta se você leu e se gostou.
      Bjs

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  4. Olá! Essa é a segunda vez que me deparo com esse livro e se isso não for um sinal divino, não sei mais o que poderia ser (risos), toda a história me deixou bastante curiosa, principalmente por trazer uma leitura não tão fácil, mas cheia de significados e retratada de maneira tão singular, além disso, é uma ótima maneira de variar um pouco as leituras por aqui.

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    1. Isso mesmo, esse livro tira qualquer um da zona de conforto, nos mostra uma realidade beu crua e deixa o leitor preso às suas páginas.
      Leia e depois me conta.
      Bjs

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  5. Oii, Leninha
    Parece ser um livro muito importante. Que traz tantas histórias e reviravoltas tendo como o Brasil, seu próprio protagonista.
    E os dois outros personagens se misturam em cultura e tretas e suas conquistas de forma brutal e real que nos emociona e marca.
    Logo lerei!
    Bjs

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