Quando acontece o amor? A poesia de Thainá Carvalho nos responde com essa pergunta. E é uma resposta contínua, uma resposta que, ao tempo em que acontece, indaga. Ela desvenda a linguagem e nasce daí um livro, uma reunião de tateios - do sentimento, do ser, do agora.
Neste segundo livro sinto que a autora se permite mais - e, consequentemente, se expande. Se na primeira obra sua voz é apresentada (de forma inegavelmente precisa e autêntica), neste ela se firma. E que bonito é ver/ler uma poesia que nos afeta e que se impõe dentro da gente como se abrindo caminhos pelas nossas brechas e rachaduras.
"O amor em breve anatomia das horas" é uma reivindicação do sentimento. Do amar (em todas as suas formas, em todos os seus encaixes e desencaixes, em todas as suas imperfeições). A demarcação das partes do livro - noite, madrugada, manhã, meio-dia e tarde - servem como um guia imprecisamente certeiro, um convite para acompanharmos onde cada palavra nasce e onde ela se põe.
E quando diz que "essa melancolia é nossa" ou nos oferece o que "aqui são restos de um verso sobre aquele dia no centro da cidade" Tainá nos convida a desvendar o que de mais íntimo sentimos, o que nos afoga por dentro - e que acaba sendo, inevitavelmente, aquilo que nos mantém salvos (pouco ou muito).
Cada verso, rima, estrofe é molhada, úmida, impregnada de algo que não se sabe explicar, mas que se explica. Por isso pede uma "pausa para explicar o amor" e busca entender o que seria uma "lei de sobrevivência". Não há coisa mais bonita e dilacerante que ser cortado por palavras tão afiadas.
Poesia que fica, rasga e machuca de um jeito bonito. Depois restaura. E, mesmo em pedaços, saímos inteiros.
Fica o convite à leitura e descoberta!
Então você chegou até aqui. Esse canto, recanto, remanso onde os dedos tocam a relativização do tempo. Vê os pontos que estão na capa? As manchas cor de telha sob seus olhos quase curiosos? Tantas, de tantos tamanhos e formas. Podem ser segundos, minutos, horas. Quem sabe sejam dias, anos ou séculos. Esses pequenos toques sobre o papel podem ser o amor, desprovido de medidas em nada absolutas. Afinal, vêm os versos desse livro perguntar, em que tempo cabe o amor? Na pequeneza das mãos que se tocam. Na imensidão das décadas sobre a mesa do jantar. No olhar dos corpos em construção sob o sol. No caminho circular das vidas que vieram antes e antes e antes para fazer você chegar até aqui. Aqui, nesse canto, recanto, remanso onde suas mãos descansam em busca de um sentir breve, algo que passe as horas, ou que condene cada fibra do seu corpo para sempre. Algo amor. Espero que encontre.
P.S.: parte dessa resenha foi publicada também no IG @amantesporlivros
Ronaldo!
ResponderExcluirPoesia é uma expressão profunda, vinda do nosso interior e por vezes, nem conseguimos saber ou identificar de onde veio a inspiração.
E falar de amor é algo tão cheio de expectativas que tem de ser de forma diferente... e gostei de como ela fez.
cheirinhos
Rudy
Não tem como falar ou explicar sobre amor, sem poesia. Acredito com minha alma romântica, que sejam interligadas as palavras, o sentir e o expor.
ResponderExcluirE por tudo que li acima, a autora conseguiu de uma forma tão dela, colocar nas letras cada sentir em relação a esse sentimento que nos perturba, mas que nos aquece.
Adorei ler e se tiver oportunidade,é uma obra que desejo sentir!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Olá! Impossível não ficar instigado com essa leitura depois de ler uma resenha dessas, acho que você conseguiu transmitir um pouquinho do muito que vamos encontrar no livro maneira singular a leitura é daquelas que deixam marcado por toda uma vida, aquele tipo de leitura que nos ensina, nos emociona, nos conforta e faz com que nos apaixonemos ainda mais por esse universo, afinal estamos falando de amor né!
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirQue bonita resenha.
Tô gostando mais de ler poesias e esse livro parece ter lindas poesias que amam, ensinam, dilaceram, renovam nossas forças e que marca profundamente nossos corações!
Já quero!
Bjs