A poesia nasce na terra e se alastra. Ela se aduba no seio da vida que a gente é. Nossas dores, nossas partes frágeis, nossas cicatrizes. É aqui, bem no âmago, que as palavras ganham força - e viram coragem, e viram conforto, e viram até um desconforto.
Guilherme Borges toca no leitor desse jeito. Em "Húmus, Raízes e Silêncios Minerais" ele nos convida a (re)estabelecer esse elo com a natureza, com as coisas em sua essência mais primitiva, com o que é inanimado. Ao tempo em que conserva uma sacralidade com essa nossa Mãe, nos dá a chance de sermos nós mesmos parte dela - e, em consequência, de sua poesia.
O livro, curtíssimo em aparência, se torna grandioso à medida que o leitor vai se enxergando e ouvindo. É uma caminhada primitiva onde ele se experimenta no entendimento do surgimento das coisas, em sua aparente fragilidade e pequenez, em um gesto carinhoso para o que nos é, rotineiramente, quase indiferente.
É por isso que falo dele hoje com vocês. Essas palavras fazem parte do que postei lá no Instagram Amantes por Livros e as trago aqui porque acho necessário que cada vez mais estabeleçamos essa conexão com a poesia. Sim, eu sei que por vezes ela é difícil e hermética, mas assim como todo bom livro precisa encontrar acalanto no coração dos leitores, a poesia também. Como já falei, o lance é ir experimentando e Guilherme Borges, eu diria, é um ótico começo. Porque em sua poesia tudo tem e merece vida.
As pedras, as rãs, as borboletas; os ventos, as árvores e a terra molhada e cheias de pequenos micros. É disso que se trata, afinal, a literatura poética do autor: de ouvir o silêncio das coisas que não falam pela boca.
E é nesta aventura que embarcamos. Impossível sair apenas pouco tocado; ou ileso. A poesia dada assim nos ensina a apurar os sentidos e viver pelas frases: ora pequenas, paragrafadas em uma única linha, ora espalhadas por páginas e páginas.
Ganhamos todos nós no processo. E tão satisfeitos quanto, saímos da leitura alfabetizados na arte de ler a Natureza com a sensibilidade de ser parte dela.
Experimentem.
Boa leitura!
(principalmente nestes dias em casa)
Sabe o que mais tem me feito feliz nesses dias de ficar trancada em casa? Esse capricho seja nos blogs, Igs, posts, sobre tudo que se pode fazer nesse período. As Editoras disponibilizando livros digitais na faixa, canais pagos sendo abertos para que todos tenham acesso.
ResponderExcluirIsso é compaixão!!!
A poesia é nossa vida, está presente desde a hora que acordamos até a hora de dormimos.
A natureza é poesia o tempo todo e adorei o que o autor fez com tudo isso.
Se puder, claro que lerei.
E oh, por favor, se cuida!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Olá! Em pensar que há algum tempo ( não muito distante) eu torcia o nariz para o gênero! Mas hoje em dia encontro nele um refúgio, quando me deparo com aquelas leituras mais pesadas, ou até mesmo aqueles momentos em que preciso de uma luz sabe! É impressionante como sempre tem uma leitura certa para estes momentos!!!
ResponderExcluirRonaldo!
ResponderExcluirSou uma daquelas leitoras apaixonada por poemas e poesias, inclusive até me arrisco a escrever algumas, fato é que esse livro em especial, traz o retorno das nossas raízes mesmo, em contato com a terra que é importante para tudo, para o crescimento do nosso alimento e para os seres que habitam na terra.
Deve ser uma delícia!
cheirinhos
Rudy