Sabe aquela máxima de que todos somos organismos vivos repletos de complexidade? Se vistos sob uma lupa, cada um de nós tem particularidades, manias, acessos e excessos. E no meio de tudo, vivendo tudo, temos por mania uma organização social para não soarmos caóticos; mas, ainda assim vacilamos nos pequenos gestos, na seletividade social e na forma como nos damos – e recebemos o outro.
Toda a humanidade, do menor ao maior caso, faz parte da observação atenta de Glauber Vieira Ferreira e serve de matéria para o seu excelente Observadores de formigas. Entendendo que somos nós seus personagens, coabitando no espaço de suas histórias, experimentando sua escrita em cada palavra materializada, não poderia deixar de ser uma obra incomparável.
Primeiro que o autor já nos desafia no gênero. Aqui não temos um romance, mas um punhado de existências organizadas no que se entende por minicontos. São pequenas histórias, casos cotidianos, epopeias particulares que se tornam grandiosas na capacidade de concisão de Glauber.
E talvez daí tenhamos seu mérito: a exatidão de sua escrita, que por vezes, até num pequeno diálogo, é capaz de contar um pedaço do que para o leitor pode ser a maior dentre todas as maiores narrativas. Sua precisão é tão autêntica quanto original e qualquer coisa lhe serve de inspiração: um telefone, um pedido, uma possibilidade, um muro, um beijo e um silêncio.
Somos, a todo momento, incitados e provocados pela escrita a darmos possibilidade às histórias que, por si só, já são multifacetadas. Cheias de tato e referência, nos colocando tal qual minúsculas formigas se debatendo no caos da existência.
São breves contos que emocionam, fazem rir, incitam a uma reflexão mais atenta. E de qualquer forma, somos nós também autores e atores do que o autor constrói aqui: um memorial legítimo do que somos em breves, muito breves, experimentações do mundo.
Recomendadíssimo. É uma leitura um tanto quanto rápida, mas não tão rápida que nos passe sem que passemos por ela primeiro. Como toda boa literatura deve ser.
Boa leitura,
Nos vemos na próxima sexta!
Nessa obra, Glauber nos traz através de microcontos, situações e acontecimentos que marcaram a vida da sociedade em geral. Em poucas palavras, ele é capaz de fazer o leitor viajar e imaginar o cenário em que cada texto nos insere. De referências históricas como guerras, livros clássicos, arte e política, ele nos faz repensar fatos que às vezes estão ali bem na nossa frente, mas que por um motivo ou outro não fomos capazes de analisar. Seu texto tem também um toque de humor e sarcasmo que atinge em cheio o leitor. Ele domina as palavras, as utiliza com tamanha maestria que cada texto seu contém uma forma poética em suas entrelinhas. É sempre um prazer ler um trabalho feito com tamanho esmero. Contar histórias em poucas palavras, com textos enxutos, não é para qualquer um, e Glauber domina de forma magistral essa técnica. Se você gosta de um livro bem construído e de leitura rápida e agradável, este é o livro perfeito. [Por Marriete Santana]
Fico feliz por Observadores de formigas ter emocionado :)
ResponderExcluirMeu coração fica tão feliz quando tem resenha de algum trabalho nacional!!Essa valorização da nossa literatura faz uma diferença danada!!!
ResponderExcluirAinda não conhecia o trabalho do autor, mas adorei ler acima sobre o bom humor e o sarcasmo e claro, continhos que trazem sim, uma reflexão a cerca da história de nós mesmos!!!
Já vai pra listinha de mais desejados!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Ronaldo!
ResponderExcluirVou contar um segredinho: tenho a mania de ficar observando as formigas e quando vi o título do livro, já fiquei curiosa para saber do que se tratava.
Agora vendo que são pequenos contos que versam sobre vários asuntos ligados ao cotidianos e que vão formando as personalidades, fiquei ainda mais curiosa em poder ler.
cheirinhos
Rudy
Oi Ronaldo!
ResponderExcluirQue bela resenha você nos trouxe, parabéns! As palavras escolhidas por você para descrever o livro foram tão sensíveis que me fez entender que o livro é isso mesmo, sensível. Gosto bastante de ler contos, já li muitos livros do gênero, gosto mais ainda quando estes contos retratam a realidade, o dia a dia, as famílias. Mais uma vez parabéns pela resenha!
Van Meiser
Olá! Confesso que não conhecia o livro, mas fiquei empolgada, ainda mais depois de ler aquela parte sobre sacarmos e ironias. Fiquei bem curiosa em descobrir como leitor consegue em minicontos nos entregar uma leitura tão singular e marcante.
ResponderExcluirNão tem metáfora melhor para explicar o que está acontecendo na minha vida do que a comparação da humanidade com formigas se debatendo na existência ponto final Gostei do livro não ser um romance com historinha e sim ser contos
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