A distância até a cerejeira é um clássico moderno para crianças. Acima de tudo, é uma história muito bonita e sensível sobre as coisas importantes do mundo, tudo que é possível enxergar com o coração, como quando a gente lê O Pequeno Príncipe pela primeira vez. Aliás, o livro foi até comparado do clássico francês - e embora eu não acredite que chegue a tanto, a vida da garotinha Mafalda é um encanto, com vários ensinamentos sobre as coisas essenciais.
E esta é a história de Mafalda, que tem nove anos e um problema de visão progressivo. Quanto mais o tempo passa, menos ela consegue enxergar o mundo a sua volta. Todo escrito em uma contagem regressiva (o tempo que passa até ela parar de enxergar completamente), vamos sendo puxados por essa menina para o seu mundo, tudo encaixadinho perfeitamente para que nada fuja do seu controle. Só que seu mundo é um grande borrão e com o passar dos dias, sem uma solução concreta, ela vê sua existência ir se apagando cada vez mais, e isso vai angustiando a menina ao tempo em que o leitor vai se angustiando.
Então as coisas acabam girando em torno desse mote: como que ela vai lidar com começar a viver "no escuro"? E depois, o que, de fato, vai acontecer? Será que dá pra viver desse jeito?
A distância até a cerejeira é, sobretudo, um livro sobre incertezas. Sobre medos, sobre descobrir o mundo através de outras sensibilidades. Através de uma narrativa singela, com a pureza do olhar infantil, conhecemos a Mafalda além dos olhos, a garotinha que quer ter amigos, que que aprender a não ter medo do escuro (tanto do literal quando do metafórico) e que acredita profundamente na bondade do coração humano. Os vínculos que ela começa a estabelecer com uma zeladora da escola, o simples andar de bicicleta com um colega, a sensação de escorregar a mão por um corrimão qualquer: tudo, para Mafalda, acaba tendo um gostinho e um significado mais profundo.
O título remete exatamente a esse distanciamento que ela vai criando através do laço afetivo que ela estabelece com uma cerejeira que fica no pátio de sua escola. Ela mede a progressão do seu problema de acordo com a sua capacidade de enxergar essa cerejeira. E é tão bonita essa relação! Nos ensina tanto sobre fugas imediatas, sobre o respeito e sobre o imediato.
Diria que é um livro fundamental para crianças. Mas para adultos também, afinal, todo mundo precisa aprender a ser gentil quando o mundo parecer demasiado devastador.
Boa leitura!
Todas as crianças têm medo de escuro.
O escuro é um quarto sem portas nem janelas, com monstros que nos prendem e nos devoram em silêncio.
Eu tenho medo só do meu escuro, aquele que tenho dentro dos olhos.
Para Mafalda, de nove anos, o escuro é a sua única certeza e o seu destino: em algum momento nos próximos seis meses ela perderá a visão. Diante de um futuro assustador e desconhecido, Mafalda – com a ajuda de sua família e seus amigos – precisará descobrir o que realmente importa conforme sua visão começa a falhar.
que resenha apaixonante !!Hoje em dia nos estamos vendo um mundo cada vez mais perverso ler um romamces desdes deve ser como encontrar um oasis no deserto
ResponderExcluirnada mais puro e verdadeiro do aue enxergar as cousas atraves do olhar de uma criança
precisamos disso!!!
Ah meu Deus! Nunca em sã consciência imaginaria que o livro traria um enredo assim. Sei lá, identificação?? Nada a ver, até pela personagem ter apenas 9 anos. Eu tenho um doença desde os 15 anos na visão. Por três vezes na minha vida, ouvi que iria ficar cega e a última veio há cerca de 02 meses.Mesmo depois de dois transplantes de córneas, minha visão anda caindo demais e não há mais o que fazer, mesmo estando no aguardo de mais dois exames.
ResponderExcluirEu meço essa distância nos livros...e cada vez fica pior.
Por isso, o que li acima, me deixou emocionada. Talvez Mafalda sinta o que sinto todos os dias, principalmente quando coloco um filme na tv ou pego um livro. Será que amanhã ainda estarei vendo?
Puxa...
Beijo
Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Ronaldo!
ResponderExcluirDeve ser um livro sensível e que traz grande aprendizado, não apenas para as crianças, mas também para os adultos, porque precisamos saber lidar com essa situação de deficiência/especial.
Fico imaginando o que se passa na cabecinha da Mafalda conforme ela vai perdendo a isão...
cheirinhos
Rudy
Olá! Além de linda a história também traz grandes ensinamentos não só para os pequenos, mas para todo mundo, fiquei tocada só lendo a resenha, imagina então lendo pela perspectiva da nossa protagonista, sentir seus medos, deve ser bem intenso. Afinal não dá para mensurar o quanto deve ser difícil e angustiante para uma criança de apenas 9 anos passar por tudo isso. Então é melhor estar com a caixinha de lenços já preparada. Mafalda já ganhou minha admiração e um lugar especial no meu coração.
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