O Silmarillion - J. R. R. Tolkien

Olá pessoal, hoje estou um tanto nostálgico e porque não, “fantástico”. Então, que tal falarmos sobre elfos, anões, orcs, magos homens e deuses. Nessa primeira linha você poderia imaginar que a resenha é sobre O Senhor dos Anéis ou quem sabe sobre O Hobbit. Se assim pensaram, vocês quase acertaram; pois a proposta é sobre outro livro posterior a esses, no entanto, falando do mesmo universo em período anterior, aliás, bem, bem anterior. Esse livro conta a origem da Terra média com suas histórias tão inspiradoras quanto as da Bíblia, igualmente tristes e ainda sim, esperançosa, sem exagero. Hoje nossa proposta de leitura é O Silmarillion, do aclamado J.R.R. Tolkien.

Como sempre, farei algumas ressalvas iniciais. Serei certamente superficial por uma questão didática, pois a ideia é levar aos que não conhecem o livro a lê-lo e assim se inteirar mais sobre o universo “tolkiano”. Mas devo adverti-los, não é uma leitura fácil no início, e com certeza muita gente já desistiu devido à riqueza de detalhes e referências que o autor faz sobre seu universo, o que o torna um tanto cansativo. Se você conseguir superar essa dificuldade inicial até um pouco menos da metade do livro, se prepare para ler histórias incríveis que vocês jamais pensaram em ouvir. Pode parecer exagero, acredite, não é propaganda enganosa.

O Silmarillion tem um cunho cosmológico dos mitos e das religiões, ou seja, ele começa contando a história do princípio de tudo, como todas as coisas tiveram seu início, e é claro, como o bem e o mal começou a conviver e digladiar. Não é mera coincidência você pensar no livro do gênesis quando estiver lendo sobre a criação de Eru Ilúvatar, equivalente a Deus naquele mundo, pois Tolkien era muito católico e trouxe essa influência para sua obra. Dentro desse mesmo raciocínio, fica fácil entender que haverá um rebelde invejoso. Sim, os equivalentes aos anjos como alguns costumam entender ou potências da natureza se você comparar com algumas mitologias, na grega seriam os titãs. são os Valares (eu fico até com medo de fazer concordância com as categorias tokianas, porque ele criou algumas línguas dentro do seu universo). Esse Valar de nome Melkor, posteriormente chamado de Morgoth Bauglir, será o vilão principal desse livro. Em outras palavras gente, ele é o Satanás, o diabo desse mundo. E para você terem uma ideia, ele é quem será o mestre do Sauron, aquele chefão do Senhor dos Anéis representado pelo Olho que tudo ver.

Serei sincero com vocês, eu amo mitos e já tive a oportunidade de conhecer alguns, e não há dúvida de que a sacada de Tolkien ao descrever Como Ilúvatar criou o mundo não fica atrás de nenhum mito humano já inventado. É belíssimo!!! E o melhor de tudo. Faz muito sentido até se você comparar com nosso mundo. Genial! Os Valares cantam para Eru Ilúvatar e tudo começa a surgir, e como há um elemento destoante, o Valar Melkor, coisas ruins surgem em meio as boas, uma suplantando a outra em meio a uma bela canção dos Valares. Isso não foi um spoiler, tenham certeza que essas palavras não diminuirão sua experiência quando ler essa passagem.

Assim, tudo é criado, inclusive a Terra Média (cenário da guerra dos Anéis) com suas belas imperfeições. Os Valares são enviados para o mundo recém-criado incumbidos de preparem a terra para a raça dos homens. Mas antes são também criados os Maiars (como Gandalf e Saruman) e os Elfos. Porém, nada sai como o planejado e a inveja e contendas chegam e se perpetuam entre Elfos, tudo devido à inveja de Melkor.

Entre os Elfos, há um de tamanha habilidade que chega mesmo a ser comparado em ofício com um Valar, Fëanor, cujo talento esculpiu três pedras de estupenda beleza, as quais ele deu o nome de Silmarillion, de onde vem o título do livro. As pedras é alvo da cobiça de Melkor que as roubam e foge com elas para ter suas belezas somente para si, desencadeando a ira dos Elfos e sua divisão.

A partir daí você terá uma sucessão de histórias e contos dos primeiros Elfos, Valares e os Maiars, e posteriormente, da última raça que chegou naquele mundo, a mais frágil de todas, porém, em minha opinião, a mais interessante. Os homens mortais, fadados ao sono eterno.

As referências que há nesse livro são tantas em relação ao Hobbit, Senhor dos Anéis, trilogia, aos filhos de Hurín e também os Contos inacabados – uma série de contos que Tolkien não chegou a terminar, pois foi interrompido pela morte; que faz vocês terem vontade de conhecer todo aquele universo e aprender suas línguas. Aliás, há falantes na vida real dessas línguas criadas por Tolkien.

Após você ler esse livro, você terá vontade de assistir aos filmes ou ler tudo sobre esse universo, que sem nenhum exagero, é responsável pela nossa ideia de Elfos, orcs e outras criaturas fantásticas como os dragões, bestas como ogros, criaturas antigas como Aracni, magos poderosos como Galdalf, feiticeiras lendárias como a mestra da elfa Galandriel, a bela e poderosa Melian, uma elfa dos primeiros tempos.

Quando eu disse que se comparava a Bíblia em tristeza não foi um recurso narrativo, é verdade.Você ler o livro ressentindo porque tudo que era pra ser perfeito desandou, e tomou um rumo nebuloso. Mas ao mesmo tempo é inspirador quando você vê que o homem, mortal na terra de seres poderosos consegue fazer o que nem o mais poderoso dos elfos conseguiu. Roubar uma silmarillion do vil Morgoth. É esperançoso porque ele não fecha apenas no desastre, sempre há aquela ponta de algo pra se resolver que terá consequências nos outros livros.

Nesse livro você saberá como os orcs surgiram, os anões e os povos Águias, aqueles que salva Gandalf e os homens na Guerra dos anéis.Vale a pena ressaltar também, que esse livro foi uma compilação realizada pelos herdeiros de Tolkien, após sua morte.

Impossível eu falar sobre tudo, mas espero que essas palavras tenham instigados vocês suficientemente para irem atrás desses livros. Ou esperar a nova série em fase de produção do canal Amazon sobre o universo de Tolkien. Ela está sendo cotada como a mais cara da história, e espero que esteja na altura narrativa do material fonte.

Seeyou in space cowboy!

Koudan - Professor de História, Orientador Educacional e Contista, foi membro do Núcleo de Literatura da Câmara dos Deputados  e pesquisador em História oral e Mitologia greco-romana. Amante de ficção científica e animação, e leitor ávido de quadrinhos e livros.


3 comentários

  1. Obs. Melian não é uma elfa como eu havia afirmado, está na raça dos Maiars, e a outra correção é em relação a designação das pedras, no caso é SILMARILS. Retificação feita, desculpe pelos erros.

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  2. Koudan!
    Tolkien é fenomenal, não há o que se discutir.
    Já li os livros citados, menos esse da resenha e gostei de saber que aqui, vem a origem de tudo.
    Amei esse termo: "cunho cosmológico dos mitos e das religiões", bem cult...
    E o que gosto no autor é justamente ele trazer suas crenças e conhecimentos pessoais para um enredo, criando seu próprio mundo fantástico!
    Desejo Um Novo Ano repleto de realizações!!
    “O objetivo de um ano novo não é que nós deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova.”(G. K. Chesterton)
    cheirinhos
    Rudy
    1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

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  3. Oi Rudynalva, que bom que gostou, tente lê-lo, você vai gostar bastante. Grande abraço.

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