Apenas um garoto – Bill Konigsberg, por Mayara

Olá, essa é minha primeira vez no Sempre Romântica, sendo assim, apresentações são essenciais. Queria que vocês pensassem comigo o que seria interessante dizer à alguém sobre você, como você gostaria que a outra pessoa te enxergasse. Não é a primeira impressão que conta? Eu não gostaria de que ninguém me achasse uma patricinha, ou seja, uma garota mimada e esnobe. Talvez eu nem precise dizer nada, logo de cara alguém poderia traçar meu perfil sem que eu precise dizer um simples ‘Olá’. Ou, ainda, a pessoa pode me detestar só por que ouviu de um conhecido como eu sou arrogante e tendo a andar com umas pessoas esquisitas, que é bem verdade.

Só eu percebi, que é muito fácil julgar os outros por pouco? Parece muito simples enquadrar alguém num molde, como se dar atributos sem nem mesmo conhecê-la fosse racional. Ao mesmo tempo, odiamos ser julgados. Odiamos quando alguém nos olha e pensamos se há algo de errado em ser quem somos, o que há de errado com nossas escolhas ou de viver da forma como vivemos. O engraçado é que raramente paramos e pensamos se aquele olhar é realmente uma crítica, mas enxergamos ali uma afronta contra tudo que possamos ser. Acho que tem até uma famosa frase na Bíblia que explica isso muito bem, a qual eu não tentarei citar para evitar o vexame sobre o meu parco conhecimento bíblico.

Meu nome é Mayara Tashiro, tenho 21 anos, sou do blog Silêncio Contagiante e estudo Biblioteconomia, na Universidade Federal do Amazonas. Moro em Manaus, medeio vários encontros para leitores e organizo o Clube do Livro Saraiva Manaus. Gosto de doces, amo ler e evito pensar nas coisas demais. Bem, evito pensar nas coisas demais até que um livro incrível surja na minha vida e me faça pensar nas coisas à força. Apenas um garoto foi um desses livros incríveis que me fizerem refletir sobre um aspecto muito importante que faz parte de mim, mas não me defini: minha sexualidade. E, claro, meu problema de cair num estereótipo.
Rafe, protagonista de Apenas um garoto, está cansado de ser visto como o garoto gay de Boulder. Parece que a única coisa que as pessoas podem enxergar nele é a sua sexualidade, como se ser gay fosse a única coisa que ele é. Boulder, Colorado, é uma cidade extremamente liberal e com umas pessoas bem loucas, como os pais de Rafe. Nesse quesito, pais, é um dos mais divergentes de Rafe. Ele os ama, eles o aceitam como ele é, mas, aparentemente, os pais de Rafe conseguem ser mais gays do que o próprio filho. Rafe saiu do armário aos 13 anos, sem grandes dramas. Bem, até que os pais de Rafe deram uma festa por ele ter saído do armário e logo sua mãe se tornou presidente de uma associação de apoio as famílias com adolescentes gays e lésbicas.

Rafe sente em seu âmago que as pessoas não o veem de verdade, não veem quem ele é. Por isso ele decidi começar do zero em um internato só para garotos, onde ele não é o Rafe, o garoto gay. Agora, ele é o Rafe, o atleta. Não é tão fácil assim fugir dos estereótipos, mas até que as coisas estão dando certo. Porque ali ele é um garoto como qualquer outro. Um garoto com amigos que são atletas, outros que são estranhos e ainda um melhor amigo fantástico. E tudo parece maravilhoso até que ele se apaixona pelo tal melhor amigo, é nesse ponto que as coisas começam a ficar complicadas.

Inicialmente, essa decisão de voltar para o armário pode parecer bem contraditória, mas aos poucos entendemos o porquê de Rafe tomar esse caminho. Conhecemos muito da vida dele em Boulder por causa de um diário, que é uma atividade passada pelo professor de redação, Sr. Scarborough. Interessante é que esse professor sabe sobre o fato de Rafe ser gay, graças a mãe de Rafe. Fora o Sr. Scarborough, Rafe mantém escondendo sua orientação de todos. Mas para manter esse disfarce, Rafe tem que contar pequenas mentiras. E essas mentiras vão se acumulando umas às outras. Afinal, Rafe está escondendo uma parte de si, que ele tem a percepção de não ser tão importante.

Ben, o melhor amigo de Rafe e minha paixão eterna, é o tipo de cara para quem você poderia contar qualquer coisa. É do tipo que te apoiaria, seguraria sua mão e nunca lhe daria as costas.  Além de ser um cara dedicado e atencioso, ele quer ser mais do que um garoto de fazenda. Se tem alguém em que Rafe poderia confiar é nele. Surgi tantos momentos oportunos, e, mesmo assim, Rafe prefere omitir essa parte dele de Ben. Já deu para perceber que as coisas não vão terminar bem, né?

Continuação de Apenas um garoto:
Honestly Ben (27.03.2017)
O final do livro é meio vago, mas sabe aquela sensação de orgulho que você tem de alguém? Nosso pequeno Rafe mostra visivelmente que amadureceu. E o lado bom do final vago é que o livro tem continuação prevista para março de 2017, que vai ser narrado pela perspectiva do Ben. A primeira vez que eu li esse livro, mais de um ano atrás, eu pensei seriamente que eu não podia guardá-lo só para mim. Eu queria que outras pessoas o conhecessem também. Não só o Rafe e o Ben, mas os amigos deles, os pais de Rafe e o Sr. Scarborough. Um ano depois de indicá-lo para publicação à Editora Arqueiro, eu finalmente recebi a resposta, muitas outras pessoas teriam a oportunidade de lê-lo também. Eu não cabia em mim de felicidade, mas acho que a realização bateu de verdade quando finalmente reli o livro e percebi como ainda conseguia sentir aquele orgulho maternal do evolução do Rafe e de perceber a minha própria evolução nas mesmas questões.

Se tem algo que não posso deixar de falar é que esse livro mudou a minha forma de pensar e agir, e que ele vai ser tão importante para você como foi para mim. Independentemente da idade que você tenha ou da sua orientação sexual, esse é daqueles que marca. Espero que vocês tenham gostado da resenha e que me visitem.

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FICHA TÉCNICA
Título: Apenas um garoto (Openly Straight)
Autor (a): Bill Konigsberg
Editora: Editora Arqueiro
Edição: 1ª edição.
Ano: 2016
Páginas: 256
Skoob: Adicione!

Beijos.
 

12 comentários

  1. Ai que fofoooooo!!!
    Obrigada, Leninha, pelo espaço.
    E desculpa qualquer coisa, sou péssims de prazos...
    Bjs, May <3

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  2. Mayara!
    Bem vinda! Começou bem em sua apresentação e sua resenha.
    Entendo perfeitamente o protagonista, ele apenas queria ser reconhecido por quem ele é e não pelo rótulo que levava.
    Enredo brilhante!
    “A sabedoria só nos chega quando não precisamos mais dela.” (Che Guevara)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Rudy!
      Obrigada <3
      É exatamente isso, mas acho que o final (o entendimento do todo) foi brilhante e óbvio, mesmo sendo óbvio raramente conseguimos ter o mesmo discernimento que o protagonista.
      Beijos, May.

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  3. Primeiramente: Tenho orgulho em saber que esse livro foi publicado no Brasil por indicação sua!
    Segundamente: Achei de uma leveza terapêutica a sua resenha. <3
    E em terceiro e último lugar: Ainda não li o livro, mas irei ler assim que chegar. <3

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    1. Oi, Fernanda!
      Obrigada, muito obrigada.
      E, sim, leia!
      Beijos, May <3

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  4. Oie, primeiro lugar parabéns pela resenha, ela é muito gostosa de ler.
    Esse livro já estava na minha lista de leitura por indicação de uma amiga e fiquei com mais vontade de lê-lo, pois me pareceu daquele tipo de leitura que você não sai sem ter sua percepção de mundo provocada.

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    1. Oi, Natali!

      Nossa, estou lhe respondendo quase três meses depois... Espero que tenha conseguido ler o livro! Sim e sim, ele irá mexer com sua percepção de mundo.

      Beijos, muito obrigada e aproveite para me visitar!

      Mayara M. Tashiro
      https://silenciocontagiante.wordpress.com/

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  5. Otima iniciativa. Já tinha lido o livro tres vezes, gostei tanto que resolvi visitar a pagina do autor - Naooo!!! Vai ter continuaçao,sob a perspectiva de Ben - um cara dificil de ter acesso mais mt valioso depois de conquistado. Identifiquei-me muito com o livro, mal sabe o autor que ele narrrou fatos q de verdade acontecem. Foi pesquisando sobre o livro 2 que achei seu blog aqui. Foi mt boa sua indicaçao para publicaçao, parabéns,e o Ben... Ah o Ben é apaixonante.

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    1. Oi, Daniel!

      BATE, livro incrível, não é mesmo?
      Essa identificação com a história é um dos pontos altos. E o Ben... Só suspiros.

      Beijos, muito obrigada e aproveite para me visitar!

      Mayara M. Tashiro
      https://silenciocontagiante.wordpress.com/

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  6. Faço uma indicaçao. O livro: Águas Turvas - de Helder Caldeira, é do nível de Apenas um Garoto. Você nao consegue parar de ler, e conte-nos o que achou depois.

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    1. Hummmm... Eu já vi esse livro na Saraiva. Pode deixar, vou lê-lo!

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  7. Faço uma indicaçao. O livro: Águas Turvas - de Helder Caldeira, é do nível de Apenas um Garoto. Você nao consegue parar de ler, e conte-nos o que achou depois.

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