Sessão da Tarde com Leninha e Vivi #7

Leninha e Vivi batem ponto na coluna Sessão da Tarde. Um bate-papo sobre filmes, livros, cotidiano e outros tantos assuntos que esquentam o cenário da cultura pop. Para animar esse mix delicioso, segue como cortesia da casa um post escrito em parceria. Junte-se a nós! Estoure a pipoca, gele o guaraná, e curta conosco o episódio de hoje! Em cartaz: Persuasão estrelando Rupert Penry-Jones e Sally Hawkins.

Persuasão
De família aristocrática, porém em dificuldades financeiras, Anne é levada a romper seu compromisso com um jovem por ele não ter família rica nem posição social. Mais tarde, reencontra o mesmo rapaz numa situação financeira e nível social melhores. Mas ele agora se relaciona com uma família na qual Anne se tornou parente também.

Solteira e infeliz, a jovem Anne Elliot (Amanda Root) ainda tem de lidar com as dificuldades financeiras de sua família. Por obra do destino, o capitão Frederick Wentworth (Ciarán Hinds) retorna à vida de Anne oito anos depois que a família dela a aconselhou a não aceitar o pedido de casamento dele. Ocorre que Wentworth está rico e rodeado de belas mulheres - todas evidentemente interessadas na fortuna dele. Anne agora será desafiada a provar que lamenta pela decisão tomada no passado e que durante todos esses anos sempre amou verdadeiramente o capitão Wentworth.

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Mais uma vez estamos aqui, Vivi e eu, para presentear os amigos com mais uma super dica de filme. E hoje não podia ser diferente de todas as sessões que fizemos ao longo das nossas postagens, escolhemos um clássico.

Quem não conhece a diva absoluta Jane Austen? Quem nunca leu um de seus livros ou assistiu um de seus filmes, que não suspirou por tramas tão românticas, não sabe o que está perdendo. Sei que Jane Austen é conhecida por suas personagens fortes e aquém da sua época e que a autora tem uma força incrível para escrever, e Persuasão, acredito eu, ilustrou lindamente o livro.

Um amor que ficou no passado como uma mancha, numa época em que tudo era feito com uma finalidade e casamentos eram meros arranjos convenientes para as famílias. A humilde Anne é totalmente submissa aos desmandos da família, e se deixa levar, ficando assim aos 27 anos, solteira e solitária. Mantendo sempre o olhar baixo e aceitando tudo que lhe é imposto, ela é delicadeza e suavidade, com sua tez clara, típica da época. Tão boa e prestativa que chega a dar nos nervos em alguns momentos no filme.

Como ser tão boa? Como abdicar do amor em nome da família? Como aceitar a tudo sem levantar a voz ou expor sua opinião? Devo confessar que eu não seria assim, se estivesse na pele da personagem (Ei Leninha, estamos falando de 1818, não viaja!).

Adoro filmes de época, os sentimentos arraigados, os olhares, cada toque, é tudo tão expressivo que emociona. Palavras são meros detalhes, tudo está impresso lá, nos toques sutis e nos olhares.

E como não reparar na riqueza dos trajes e nos cenários vistos no filme? Dignos de nota e de suspiros. Persuasão foi o último livro escrito por Jane Austen, que deixou um acervo de histórias emocionais, tocantes e que valem a pena serem lidos e assistidos.

Vivi que me aguarde, estou programando uma sessão com Orgulho e Preconceito, você vai se apaixonar por Mr. Darcy e Lizzy.

É sempre um prazer assistir um filme em sua companhia, até as mais simples histórias ficam inesquecíveis quando vistas ao lado de pessoas tão especiais como você.

Até a próxima sessão da tarde!



Não sou uma entendida da obra de Jane Austen.  De seus escritos, li apenas Persuasão.  Assim mesmo, o fiz na adolescência.  Logo, não me lembrei de nada ao ver o filme.  Ao fim dele, ficou de sobra a imensa vontade de reler o livro.  Afinal, nada como a leitura para nos fazer encarar, com requinte de detalhes, as motivações e a realidade emocional dos personagens. Mas, independente de estar ou não com a leitura em dia, aproveitei para curtir a sessão da tarde da vez.

Então.  A história é apaixonante.  É de vibrar o caso (ou o temporário descaso) de amor entre Anne Elliot e o Capitão Wentworth, especialmente quando o “acaso” os coloca frente a frente.  A aura de constrangimento e de mágoa é palpável inclusive nas palavras não ditas e a dizer que deságuam num diálogo cuja comunicação se concretiza muito mais nos olhos e nas ações dos personagens. E, claro, os esbarrões, as cutucadas mútuas, a negação do afeto que um sente pelo outro, tudo vale como força de persuasão. O passado colidindo-se com o presente se presta ao convencimento de modo que passa a iluminar o caminho de Anne e Wetworth, sinalizando a esperança do reencontro e definindo tomada de posições. Gosto dessa tensão toda.  É uma boa amostra, e a trama comprova, de que é possível resgatar a centelha perdida da paixão. E até o final, para o nosso deleite, a chama vai ardendo mais e mais.

Além da bela historia de amor, o que mais me toca é crítica à hipocrisia das relações humanas. Os conceitos sociais impostos como se fosse a vontade de todos incomoda. É um travo na garganta a ditadura dos costumes. Chega a ser risível como as pessoas podem ser tão estúpidas em nome da moral, dos bons costumes e das vantagens financeiras. E chega a doer o quanto tais amarras levam os de bom espírito a construir um destino violador dos seus desejos mais íntimos e caros. É uma sociedade pouca sincera. Com muita cera. Mascarada! Mas não é assim a sociedade atual também? E olha que na trama não há nenhum baile de máscaras. Nesse sentido, o filme consegue repassar o viés da típica ironia austiniana.

Fora que nada mais atual e necessário do que sobrelevar a questão da mulher. Essa figura que, concreta ou metaforicamente, é relegada ao lado de dentro de casa. Anne Elliot é, a meu ver, a antena da insatisfação feminina. É de cortar o coração ver o bichinho acuado dentro da mulher a vir a ser. Ela representa o nosso anseio de libertação, de sermos ouvidas, respeitadas e agentes de nossas escolhas e destinos.

Quanto à Wentworth, há também a sua cota de percalços. Gostei de vê-lo sensível e perceptível a tudo que envolvesse Anne. Ela não o seduz. Ela fica na dela. Anne é o que é. O que aumenta ainda mais o interesse de Wentworth. Interesse que o convence da grande mulher que Anne sempre fora. Assim, à primeira vista, não achei o ator bonito. Mas, veja só do que é capaz a força do caráter do personagem! Fui totalmente persuadida a enxergá-lo com outros olhos. Ao fim do filme, derretia-me desavergonhadamente só de vê-lo em cena.

Sem mais, a obra de Jane Austen, ainda que adaptada com olhar de outrem, nos inquieta e nos conduz à reflexão. E eu recomendo vivazmente.

 

17 comentários

  1. Oi Leninha, tudo bom?
    Sou apaixonada pela Jane e aos poucos, venho lendo livros e filmes adaptados da obra dela. Muito obrigada por indicar Persuasão, vou assistir esse final de semana mesmo!
    Passando pra te avisar que meu blog,além da nossa super promoção, está sorteando duas super séries!
    Vai perder?
    Beijos
    Endless Poem

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    1. Oi Sarah, bom te ver por aqui.
      Depois darei uma passadinha lá no Endless Poem.
      Beijinhos!

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  2. Tenha verdadeira paixao pela obra de Jane Austen, tanto que comprei todos os livros. Não assisti Persuasao, mas assisti Orgulho e Preconceito. Gosto muito da forma como ela aborda os costumes da época e detalha os ambientes, personagens e lugares.

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  3. Eu ainda não li nada da Jane, mas quero muito ler uma das obras dela!!!
    Todas parecem ser lindas e meigas!!!
    Vou procurar o dvd com certeza!!!

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  4. Oi Lena!
    Ah! Anotei a dica aqui para conferir no final de semana ;)
    Bjs!

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  5. Eu tenho esse filme - é lindo *-*
    Ficou excelente, na minha opinião! A leitura da carta no final foi o que mais gostei :)

    Beijos,
    Nanie

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  6. Leninha, minha querida, eu sou absolutamente apaixonada por Jane Austen, e não poderia deixar de dar um "pitaco" nesse excelente post. Mas, apenas no sentido de contribuir, e ajudar a divulgar a obra desta autora maravilhosa.
    Primeiramente, gostaria de salientar que a foto do filme Persuasão, da coluna, não é a do filme com o ator Ciarán Hinds, e sim da minissérie da BBC, com o ator Rupert Penry-Jones, como Frederick Wentworth e a atriz Sally Hawkins, no papel de Anne Elliot. Ambos magníficos, mas confesso que prefiro o filme que você e a Vivi assistiram. Os atores são muito mais carismáticos!
    E, segundo, apenas como um conselho de amiga, caso vocês releiam esse livro adorável, escolham a edição da L&PM Pocket, lançada em julho de 2011, com tradução caprichadíssima da competente Celina Portocarrero!
    No mais, muito obrigada pelas colunas sempre de maior bom gosto e competência!
    Adoro visitar vocês!
    Bjks

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    1. Sua opinião e presença é sempre bem-vinda Sueli!
      Valeu a dica da edição do livro, eu tenho aquela bilíngue e só entre nós, detestei o tamanho da letra e outras coisinhas, talvez até por isso ainda não tenha lido.

      Beijinhos!

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  7. Eu gostei tanto desse livro!!!!! Adoro as obras de Jane Austen. Com relação a esse filme, ainda não o assisti, mas tenho muita vontade....

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    1. Acredito que assistir uma obra de Jane Austem é quase adentrar nas páginas do livro.
      Eles capricham nos detalhes, nos cenários, trajes e tudo o mais, tornando o filme delicado e único. Assim, acho que assistir o filme também deve ser quase obrigatório.

      Beijinhos Ana!

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  8. Não li esse livro ou vi o filme. Só vi Emma e Orgulho e Preconceito baseados na obra da Jane. Preciso fazer um intensivão pra ler e ver tudo relacionado as suas obras. Adorei a dica do filme.

    Érica Martins
    Espiral dos Sonhos

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  9. Acho que depois de tantos elogios fica impossível não se apaixonar pelo livro e filme!terei que ler ou assistir logo!

    Eu amo livros,filmes de época.Gosto daquele romantismo amuado,aquelas trocas de olhares,aqueles toques meio que sem querer e que promovem um turbilhão de pensamentos e sensações,sim minhas queridas eu sou como um museu:Encantada por "velharias".Acho que já comentei isto aqui,mas eu estou numa fase meio que "clássica" rsrsrs,leio e assisti tudo o que é de época:tudo é tão encantador,mágico.Mas,como tudo na vida,existe seus prós e contras.Odeio o que a sociedade impunha as mulheres e aos homens também.Se por um lado existia o amor e suas poucas demonstrações,existia também a hipocrisia que era imposta nos casamentos.Mulheres,homens obrigados a casar apenas pelo fato de seu parceiro ter uma boa condição financeira,aprisionados pelo resto da vida a um casamento frio e insosso.

    eueminhacultura.blogspot.com.br

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