A frase que dá título ao livro de Toni Maguire, Não conte para a mamãe, poderia ser uma pacto ingênuo entre dois irmãos ou uma brincadeira entre crianças. Infelizmente, não é o caso. Na verdade, é a ameaça sofrida pela autora durante os quase dez anos em que foi violentada pelo próprio pai. Quando aconteceu pela primeira vez, a pequena e inocente Antoinette tinha apenas seis anos. Apesar da tenra idade, tudo ficou gravado em sua memória, o tempo nada dissipou: os detalhes, os sentimentos, a dor. Foi a primeira de muitas, incontáveis vezes. Não conte para a mamãe, de Toni Maguire, desvela a comovente história de um infância idílica que mascarava uma terrível verdade.
Como olhar para a capa desse livro e não se sentir hipnotizado pelos olhos dessa criança? E ao adentrar em suas páginas como não se revoltar e se sentir aviltado com uma história tão dolorosa, tão forte, pungente e dilacerante?
Foi assim que me senti ao ler “Não conte para a mamãe”, totalmente absorta na leitura a ponto de me revoltar com tamanha dor e tamanho sofrimento, de uma menina que teve a infância roubada pelas mãos de quem deveria cuidar e acima de tudo, amar.
Se prepare, a história não é uma ficção, é um relato dolorido da própria autora Toni Maguire, ou a pequena Antoinette, que sofreu durante quase 10 anos abusos terríveis nas mãos de seu pai.
Ela era uma menina feliz, se sentia amada e protegida pela mãe, até os seis anos de idade. Porém depois do retorno de seu pai para casa tudo mudou, ela passou a viver dia após dia com medo daquele que deveria lhe proteger, mas que transformou a sua vida em dor, vergonha e revolta.
O livro é contado alternando passado e presente, mas sempre pelos olhos da pequena Antoinette ou de Toni, agora crescida, mas nem mesmo assim adulta o suficiente para não ter mais medo.
Antoinette agora já é uma mulher e trava uma luta consigo mesma na missão de cuidar de sua mãe que está hospitalizada, à beira da morte. Mas esse tempo passado ao lado dela se transforma em algo torturante, um resgate, ou uma punição. Relembrar todo um passado que ela preferia deixar morto e enterrado, calar a voz daquela menina que vive dentro dela, machucando e revivendo mágoas.
Durante a leitura é fácil se sentir torturado com as verdades que vão aparecendo e fica quase impossível não se colocar no lugar dessa menina tão triste, que viu a vida passar diante de seus olhos, tendo que se sujeitar à dor causada pelo pai e à vergonha de não poder falar pelo simples medo de perder o pouco amor que ainda lhe restava.
Uma história forte, real, que me levou as lágrimas em alguns momentos, e me revoltou em diversos outros.
Acredito que essa seja uma realidade não muito diferente para algumas pessoas por aí, que vivem em seus lares tendo que calar e se sujeitar, por que a dor não é só física, a vergonha chega a superar isso. É só pesquisar um pouco para descobrir diversas Antoinette’s pelo mundo afora, infelizmente.
Para quem gosta de livros com temas fortes, reais, que fazem pensar, que machucam, mas alertam, esse é o livro perfeito. Conhecer a história triste da pequena Antoinette, sofrer com ela, tentar aceitar e superar, transforma cada página desse livro em uma leitura gratificante.
Adorei e recomendo, mas veja bem, essa com certeza não é uma leitura indicada para pessoas impressionáveis, suscetíveis a guardar rancor e muito menos para corações fracos.
Um conselho: entre na leitura consciente de que uma narrativa forte, porém tocante, lhe espera.
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Lena, estou com esse livro para ler parado na estante, mas ainda não tive coragem de ler.
ResponderExcluirSua resenha me deixou nervosa e angustiada.
Vou criar coragem para ler o livro de uma vez.
Beijos
Prepare seu coração Ju, para fortes emoções e sensações bem angustiantes.
ExcluirCom certeza um livro que marca quem lê!
Bjks!
bem forte, mas deve de ser bom ler esse livro pois é a realidade do mundo em que vivemos mesmo infelizmente, mas tem que dar coragem para ler, pois é triste
ResponderExcluirbjosss
Forte, denso, tenso e maravilhoso.
ExcluirTem que ter estômago, mas vale cada página!
Adorei!
Leninha, sua corajosa
ResponderExcluirParabéns pela leitura e pela coragem de ler um livro com um tema tão forte.
Eu não tenho esse preparo todo pra essa leitura não, fico muito triste...pena... pois sei que existem crianças sofrendo o que a toni sofreu. Dai, fica a pergunta: o que podemos fazer?
bj
Adoro livros que me dilaceram, quanto mais trágico, dramático, real, mais me agrada.
ExcluirFazer o que não é?! Essa sou eu!
Quanto à realidade lá fora, repasso a pergunta: O que podemos fazer?
Cruiss, Leninha!
ResponderExcluirSe eu ler um trem desse eu choro até 2025, fico ruminando a história sem parar e ainda quero pegar o autor e dar umas bolachas nele.
kkkkkkkkkkkkkkk
bjoooooooooooo
Ai Tícia, com certeza esse livro vc pegaria a autora no colo e tentaria confortá-la, é tocante e muito sofrida a história dela.
ExcluirBeijokas!
Oi, Lena.
ResponderExcluirLendo sua resenha, me lembrei da dramaticidade de alguns livros autobiográficos que tive o prazer de ler.
Este livro, mesmo sendo intenso, despertou a minha curiosidade.
Você sabe que adoro um drama também.
Beijos.