Hoje a convidada é uma querida amiga, blogueira e escritora Carolina Estrella. Tão novinha e já disponta nas livrarias, e seu livro é o preferido dos jovens. Também pudera, ninguém melhor para contar suas experiências do que a pessoa que as vivenciou.
Carol escreveu um conto lindo e presenteou o blog no seu aniversário em primeira mão.
O espaço é seu querida!!
Conto: A
orquestra
Quando escrevo sinto as palavras se organizarem no
papel como uma sinfonia.
O ruído ensurdecedor do texto agoniado e desesperado
para sair, enlouquece meus pensamentos e invade meu dia a dia, mas nada como
uma boa melodia para organizar tudo e obrigar a concentração a tecer as ideias que
compõem a minha vida.
Dou uma chicotada nas palavras mais rebeldes que
tentam sair sem autorização. Estas são as piores; acham que podem tudo e
explodem como pipoca na hora que bem entendem dentro da minha cabeça.
É só eu entrar para o banho que a aventura começa...
As fadas invadem meus olhos e mostram todo o segredo
de seu mundo guardado entre as profundezas de meu cérebro. Deste jeito,
insistem em sair justamente quando estou atolada fazendo depilação em minhas
pernas.
Os bruxos enfeitiçam meus cabelos e me deixam toda
encaracolada entre o shampoo e o condicionador. Só me libertam da travessura
quando prometo escrever sobre suas maldades com as pobres princesas.
As princesas -ah, estas são as piores- choram em
meus ouvidos formando um zumbido tão ensurdecedor que nem com muito cotonete
consigo me livrar de suas histórias. É toda hora me pedindo um príncipe charmoso
para casar. Já disse que no banho não tem príncipe, mas elas confundem a minha
mente e criam um conto especial que se desfaz assim que ponho os pés no tapete.
Os animais são os mais mansinhos, me ajudam a
esfregar as costas com provérbios e versos e escrevem suas ideias no vidro do
Box, mas a malvada água sempre dá um jeito de afogar todas as palavras.
O pior é quando sigo o conselho da Dona Mente e
sento para escrever. Parece que todas as histórias, contos e crônicas tiram
férias permanentes ou então se escondem nas barras da saia da senhora
sobrancelha. Quando isso acontece tenho que tirar um pensamento por vez através
de minha pinça. Modelo as ideias, podo as tramas e sorteio o enredo da vez.
A euforia toma conta do meu corpo, os neurônios
começam a se atiçar, as primeiras frases saem de supetão e escorregam para o
chão sem nem me dar uma chance de colá-las no papel.
-Quanta injustiça com a escritora!Por que brincar de
pique- esconde bem na hora do dever de casa?
É um corre,
corre danado. Eu encontro o travessão, mas ele gruda nas aspas e sai voando sem
dar nenhuma satisfação. Recorro à vírgula, mas ela é tão gulosa que corre para
cozinha e se tranca na geladeira torcendo para o ponto final não dedurar o seu
esconderijo.
Se vocês pensam que isso é o fim, estão enganados.
Esperem para ver as traquinagens que as orações cometem. Elas dão as mãos às
subordinadas, às adjetivas, às explicativas e saem por ai rebolando na minha
frente e desdenhando da minha falta de memória.
Não agüento mais tanta maldade e desprezo. Mesmo com
todos esses problemas, tenho que lidar com a dor de cotovelo do lápis que foi
traído pela serelepe da borrachinha que resolveu dar uns beijinhos no
apontador.
Tem borrachas que não aprendem! Os lápis são
pamonhas! Então fica fácil enganá-los sem que ninguém saiba, mas não, elas
querem deixar vestígios das aventuras amorosas por toda mesa. É látex que não
acaba mais...
No final sobra para quem? A escritora que coloca o
lápis no divã e promete arrumar uma namorada fiel. Mas, quem? Todo o meu estojo
é safado.
A lapiseira já namorou o grafite 0,5, o grafite 0,7
e o 0,9 umas 100 vezes. Isso sem contar com a régua que andou se enroscando nos
cabelos da minha caneta de pompom.
O liquidpaper é o mais garanhão. Toda manhã eu vejo
suas artes e paqueras manchadas por um branco inconfundível. Até meus dedos
sofrem assédio do liquidpaper.
Sinceramente, depois de tanta confusão para escrever
um livro, desisto de lutar contra as armadilhas que esses danadinhos me pregam.
- Quer saber, vão todos cantar em outra freguesia!
Ana Maria
Machado está prontinha esperando vocês, Lygia Bojunga está morrendo de saudades
e Bartolomeu não vê a hora de transformar seu tomate em história.
- Então, faz
favor, vão embora e me deixem em paz!
O mais engraçado é que sempre quando dou uma bronca
daquelas, todos se acalmam e pacientemente me ajudam a compor mais uma bela
sinfonia das letras.
Desde pequena,
Carolina Estrella escreve suas aventuras e desventuras. Criou peças de
teatro para as amigas, reinventou contos de fadas, encheu páginas e
páginas de diários. Mais tarde, aos 17 anos, sofreu como todo mundo na
hora de escolher uma carreira. Fazer Comunicação Social com habilitação
em Jornalismo pareceu uma escolha natural para alguém que vivia metida
entre os livros e tinha a cabeça cheia de ideias. Foi na Universidade
Estácio de Sá que a vontade de escrever e criar começou a crescer.
Sendo assim, em agosto de 2008, Carolina Estrella recebeu o 2º lugar do
concurso universitário de Jornalismo da Rede americana CNN. Com uma
matéria audiovisual sobre cadeirantes que encontram na dança a alegria
de viver, a autora concorreu com mais de 1.000 universitários de todo
país e foi premiada. Junto com esse desejo de escrever e ao mesmo tempo
se comunicar com o público através da palavra veio a certeza de que
seu lugar era dentro de um livro.
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Quanta poesia e maestria nesse texto.
ResponderExcluirParabéns a autora por ter escrito algo tão incrível. Já tive o prazer de ler seu livro e sei o quanto é prazeroso se entregar a esse pequeno mundo.
Beijos
Que palavras maravilhosas!!! Isso sim é sinfonia para minha vida...esta autora simplesmente me encantou, sério!
ResponderExcluirComo é bom poder entrar aqui e conhecer novos autores!
Carolina, já me conquistou, Parabéns!
Bjos da Lê!
Leninha,
ResponderExcluirFicou lindoooooo! Adorei a organização com as fotos! Entreguei em suas mãos 1 dos meus contos de gaveta rs Não gosto de publicá-los porque tenho vergonha, mas seu blog é tão especial que merece 1 conto especial rs Obrigada pela oportunidae e pelos elogios!
Beijos
Que texto meigo. Adorei!
ResponderExcluirJá tive o prazer de conferir o livro da Carol, e foi uma leitura divertida.
Esse texto fez-me lembrar da minha infância, com poesias e histórias de Cecilia Meireles, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Marcos Rey, entre outros.
Carol é muito talentosa e tem um lindo futuro pela frente como escritora.
Beijos.
Adorei o texto!
ResponderExcluirParabéns, muito fofo!
Bjs
E maravilhoso conhecer um pouco mais dos nossos autores nacionais.
ResponderExcluirFiquei interessada em ler o livro da Carolina Estrella
Beijos
Luciana
Não deixe de visitar o Blog - Apaixonada por Romances (◔ ◡ ◔)!
Que lindo Carolina Estrella,parabéns pela encantadoras palavras.
ResponderExcluirBjnhos.
Luciane Oppelt
Que conto lindo *-* Me encantei com tanta bagunça \o/
ResponderExcluirCarolina,
ResponderExcluirQue conto legal, achei tão interessante o jogo de palavras e a maneira com que tudo se encaixou.
Dsejando que sua vida seja abençoada e que ganhe mtos e mtos prêmios.
Ainda não li o seu livro, mas ouvi falar que é ótimo, portanto o dia estarei me deliciando ainda mais com as suas palavras.
Bjos,
Jê